No final de agosto, o futebol português uniu-se para apoiar Ricardo Nunes. O guarda-redes do Desp. Chaves, capitão de equipa dos flavienses, foi diagnosticado nessa altura com um problema oncológico e o clube transmontano, horas antes de um jogo da Segunda Liga com o Mafra, decidiu tornar pública a condição médica do jogador. Ricardo Nunes foi operado ainda em agosto, esteve afastado da equipa durante três meses e no final de novembro, há cerca de um mês, voltou aos treinos do conjunto que é agora orientado por César Peixoto.

Em tempo de Natal, Jesús trouxe os presentes e um Tiquinho de magia (a crónica do Desp. Chaves-FC Porto)

Este domingo, no jogo da Taça da Liga contra o FC Porto, Ricardo Nunes foi suplente e viu os dragões golearem os flavienses para chegarem à final four da competição. No final da partida, já enquanto jogadores e elementos de ambas as equipas técnicas se misturavam no relvado entre cumprimentos e despedidas, Sérgio Conceição encontrou o guarda-redes no meio da multidão e protagonizou um abraço demorado com o jogador, de onde Ricardo Nunes pareceu sair com lágrimas nos olhos. O agora treinador do FC Porto orientou o guarda-redes na temporada 2013/12, quando estavam ambos em Coimbra e na Académica, e aproveitou o reencontro em Chaves para celebrar com o jogador o regresso deste à competição depois de um período complicado.

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“Isso é que é o verdadeiro jogo da vida, é exatamente isso. O Ricardo foi meu jogador na Académica e ficamos com uma relação de amizade. Nesse momento difícil liguei-lhe e estive sempre ao corrente da situação e fiquei muito feliz pela vitória dele, essa é que é a grande vitória”, disse o treinador já na conferência de imprensa.

Com a goleada em Chaves, o FC Porto chegou então à final four da Taça da Liga pela terceira temporada consecutiva, onde vai tentar conquistar o troféu pela primeira vez. Os dragões vão encontrar o V. Guimarães já em janeiro (Sporting e Sp. Braga disputam a outra vaga na final) e Sérgio Conceição vai então à procura da vitória na competição que já garantiu ser um dos objetivos para a temporada. Na flash interview, o treinador dos dragões explicou que a entrada forte da equipa foi de forma a não “complicar as coisas”. “O Desp. Chaves tinha seis pontos e nós tínhamos de encarar o jogo de uma forma séria, como uma final, para podermos estar na meia-final. Fizemos uma primeira parte muito boa. Na segunda parte os jogadores achavam que as coisas já estavam resolvidas e houve algum desleixo, algo de que eu não gosto porque tem de haver sempre o compromisso”, acrescentou Conceição.

Sobre aquilo que o FC Porto terá de fazer para conquistar a Taça da Liga, o treinador brincou e garantiu que a equipa terá de “resolver as coisas nos 90 minutos e depois ser mais eficaz nos penáltis”, recordando que os dragões foram eliminados nas grandes penalidades nos últimos dois anos. “Vamos agora descansar, tivemos um ciclo de jogos muito exigente, depois do Bessa foi muito positivo, mas fundamental para uma equipa que quer vencer todas as competições em que estamos inseridos. Estamos em todas as frentes, temos um plantel que nos dá garantias para olharmos para a frente”, disse o técnico, que fez ainda uma retrospetiva sobre o ano de 2019 a título pessoal.

“Foi um ano como tantos outros, cheio de paixão por aquilo que faço, com muito amor pela minha família e amizade pelos meus amigos, por isso, sou um homem realizado. Aproveito para desejar a toda a gente no mundo muita paz, muita saúde e também muito sucesso. Vejo, ouço muita gente, que com certeza olha mais para o negativo do que para o positivo e pensam que nos abatem de certa forma, mas tudo isso só nos dá mais força para seguirmos o nosso caminho”, concluiu Sérgio Conceição.