Al Pacino tinha 32 anos e de repente era uma estrela. Em condições normais, talvez se dissesse que bastaram três filmes para Al Pacino se tornar uma estrela, mas não foi pelo papel discreto de Tony em Sou eu, a Natália (de 1969) ou pelo papel, já mais relevante, do toxicodependente e pequeno narcotraficante Bobby em Pânico em Needle Park (realizado por Jerry Schatzberg e com argumento escrito por John Gregory Dunne e Joan Didion) que o ator nova-iorquino, posteriormente também realizador, chegou à ribalta.

Na verdade, bastou a Al Pacino um filme para se tornar uma pequena lenda, porque ao terceiro que fez passou de razoável desconhecido a nome sonante do cinema, nomeado para um Óscar de Melhor Ator Secundário. A culpa foi de O Padrinho, o primeiro capítulo de uma das sagas mais famosas da história da sétima arte. Realizado por Francis Ford Copolla, com Al Pacino nas vestes de Michael Corleone, projetou a carreira do ator como provavelmente nem ele imaginava que pudesse acontecer.

Marlon Brando (à esquerda) e Al Pacino (à direita), durante a rodagem do filme ‘O Padrinho (@ Silver Screen Collection/Getty Images)

A ascensão repentina ao estrelato e ao papel de figura pública de Hollywood tem as suas vantagens: uma conta bancária garantidamente bastante mais recheada, e maior margem de escolha sobre os filme a participar. Mas também terá as suas desvantagens e Al Pacino, hoje com 79 anos, recordou-as na última semana em entrevista (em formato podcast) à revista e site The Hollywood Reporter.

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Lidar com a fama de 1972 em diante, garante Al Pacino em 2019, foi um problema: “Fui a terapia cinco vezes por semana durante 25 anos. É uma coisa grande a que é difícil habituarmo-nos. Recordo-me que o Lee Strasberg dizia-me: querido, simplesmente tens de adaptar-te. E lá o fazes, mas não é assim tão simples”, contou.

Na entrevista, que dura pouco mais de uma hora, o ator que protagonizou recentemente “O Irlandês” de Martin Scorsese recordou o percurso de vida e os passos no cinema, desde a fase em que saiu da escola e foi à procura de trabalho, dormindo onde calhasse, com 16 anos, até ao filme recente para a Netflix, passando pelas dificuldades de convencer os financiadores e produtores de ‘O Padrinho’ para o terem a ele como Michael Corleone. Pode ouvir a conversa na totalidade aqui.

No quarto com Martin: Scorsese fez de “O Irlandês” um filme sobre a morte