Na quarta reunião entre gerência, proprietários, trabalhadores e Sindicado dos trabalhadores da Indústria da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares, realizada na manhã desta segunda-feira, foi “inconclusiva”. Quem o diz é António Ferreira, um dos 28 trabalhadores que permanecem a gerir a Cervejaria Galiza, no Porto.

“Os dois investidores, os únicos conhecidos até agora, continuam em negociações com a gerência, mas esperamos que até ao final do mês encontrem uma solução. Já estamos muito cansados”, afirmou em entrevista ao Observador.

A partir desta segunda-feira, o restaurante tem “acompanhamento contabilístico”. “Não tínhamos contabilidade organizada e a funcionar, agora podemos canalizar as prestações para a Segurança Social e pagar ordenados com recibos”, exemplifica o funcionário.

Cervejaria Galiza: trabalhadores pagam 6.730 euros para evitar corte de gás e reúnem-se com a gerência na próxima semana

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para já, segundo António Ferreira, tem sido possível cumprir financeiramente o que estava estabelecido. No dia 15 de dezembro os trabalhadores receberam o salário de novembro na totalidade, algo que não se verificava há mais de dez anos, uma vez que o ordenado era pago em três prestações. Os funcionários tiveram direito, inclusive, ao subsídio de Natal deste ano. “Este mês saldaremos a dívida de 1780 euros de água e pagamos as segundas e últimas prestações de gás e luz. A partir daí temos a conta corrente normal”, adianta António Ferreira ao Observador.

Os 31 trabalhadores, dos quais dois neste momento encontram-se de baixa, mantêm-se, desde o dia 11 de novembro, de dia e noite, de forma alternada nas instalações, depois de se terem apercebido, nesse mesmo dia, da tentativa da retirada do equipamento pela proprietária da cervejaria. Certo é que as noites de Natal e de passagem do ano não serão exceção.

“Iremos continuar, nessas noites uns virão mais tarde outros mais cedo, mas permanecemos aqui 24 horas. Por muito que nos garantam que o episódio não se irá repetir, preferimos não arriscar. Como diz o ditado: gato escaldado de água fria tem medo”, revela o funcionário, acrescentando que a próxima reunião está marcada para o dia 17 de janeiro.

Cervejaria Galiza. Funcionários continuam a não deixar que a dona feche o espaço histórico do Porto

A Cervejaria Galiza está, desde há quatro anos, em dificuldades, com dívidas aos funcionários, ao fisco e à Segurança Social que ascendem aos dois milhões de euros. Fundada a 29 de julho de 1972, a cervejaria detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense é uma das referências do Porto no setor da restauração.