Os resultados e o crescimento que teve em 2019 mostram uma judoca confiante, com Patrícia Sampaio sem medo de dizer que quer estar entre as melhores, a pensar nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020.

“Os meus objetivos neste momento são chegar ao ‘top-8’ [da qualificação], ainda melhor chegar ao ‘top-4’, mas já estar no ‘top-8’ do ‘ranking’ olímpico era muito bom para conseguir ser cabeça de série nos Jogos”, disse a judoca, atual 12.ª, em entrevista à agência Lusa. O ano de 2019 voltou a colocar a atleta de Tomar como a melhor júnior mundial da sua categoria, nos -78 kg, na qual conquistou em setembro o segundo título europeu na Finlândia, e em outubro o terceiro bronze em Mundiais do escalão, em Marrocos.

“Claro que os objetivos passam por pontuar em todas as provas a que vou. Fazer os melhores resultados possíveis, para depois também estar confortável no apuramento e poder focar-me em treinar para fazer uma boa prestação nos Jogos Olímpicos”, acrescentou. Antes da competição em Tóquio, com as categorias de judo a decorrerem entre 25 de julho e 1 de agosto, a judoca olha também para os Europeus, a última grande prova antes dos Jogos e que fecham o apuramento.

Se penso numa medalha? Penso sim. Especialmente, depois de ter estado a um bocadinho da medalha no Mundial, penso completamente em conseguir uma medalha”, disse à Lusa a judoca, lembrando o quinto lugar no Mundial de seniores.

No campeonato, que decorreu também na capital japonesa, a judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar, ficou à porta do pódio, depois de perder no combate para o bronze com a brasileira Mayra Aguiar, uma das adversárias que mais admira no circuito. “Conseguimos criar uma boa relação, gosto muito de treinar com ela, de a ver no tapete, de ver a postura, de a ver trabalhar. Claro, depois de tudo o que já atingiu é uma inspiração para mim, é uma das pessoas mais fortes na minha categoria”, explicou.

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Além de Mayra, que foi bronze em dois Jogos Olímpicos, Patrícia Sampaio tem como referência a norte-americana Kayla Harrison, bicampeã olímpica, em Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016, e que, entretanto, se retirou. Nos -78 kg, considera que ainda são muitas as adversárias a ter em conta, numa categoria com nomes fortes: “ainda tenho várias. Brasileira, francesa, as holandesas também são muito fortes no meu peso, e as alemãs”.

Este ano, Patrícia Sampaio foi destaque no portal na Internet “Judo Inside”, como uma das judocas mais promissoras em 2019, algo que desconhecia, mas que não a deixou indiferente, num ano que reconhece ter sido de mudança. “Houve esse boost, ganhei muito mais experiência, comecei a fazer mais estágios internacionais, a conhecer melhor as atletas, e eu própria tornei-me mais forte, claro. Acho que foi por isso que houve esse ‘boost’ do ano passado para este ano. Entrar no escalão e conseguir começar a afirmar-me”, justificou.

Ultrapassada a transição em 2016 dos -70 para os -78 kg, e, depois, em 2018, a integração entre juniores e seniores, fez parte do crescimento da judoca, com maior e mais regular participação no escalão maior. “Era júnior e comecei a competir nos seniores, sabia que tinha de ser forte mentalmente, não ia ter os resultados que pretendia logo no momento e ia ter que aguentar e crescer com isso”, disse.

Com a adaptação praticamente concluída, a judoca revela quais as técnicas preferidas: “os meus ataques mais efetivos são projeções de joelhos, virar as costas”, revelou, adiantando que as técnicas de “seoi nage” e “sode”, para a esquerda, são as favoritas, numa modalidade de que não gostou à primeira, mas à qual acabou por se ‘render’.