O deputado do PSD Ricardo Baptista Leite classificou esta quinta-feira a mensagem de Natal do primeiro-ministro como “palavras de propaganda” e criticou António Costa por ter escolhido “um centro de saúde sem doentes, porque o Serviço Nacional de Saúde é um sítio com doentes que precisam de resposta”.

Em declarações à RTP, o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD e membro da comissão parlamentar de Saúde apontou uma “contradição entre as palavras socialistas e os atos da governação”. Ricardo Baptista Leite afirmou que as promessas do PS “não têm tradução prática” e que Costa quer fazer “um milagre das rosas” com os 800 milhões de euros anunciados para o setor da Saúde, “que não chegam para pagar as dívidas vencidas”.

Para o PSD, António Costa “escolheu a noite de Natal para dar aquilo que tem dado ao longo dos últimos 4 anos: palavras. Palavras que infelizmente não se têm traduzido em atos”. Baptista Leite deu o exemplo dos médicos de família: “Em 2017, o primeiro-ministro tinha dito que todos os portugueses teriam um médico de família atribuído; hoje são mais de 700 mil os portugueses que continuam sem médico de família atribuído”.

Do SNS para o país. Costa grava mensagem de Natal em centro de saúde para mostrar “prioridade” para legislatura

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Esperávamos que ontem à noite o sr. primeiro-ministro pudesse dizer se iria cumprir a promessa da ministra da Saúde de garantir que todos os portugueses em listas de espera para consultas e cirurgias, para terem a sua consulta e cirurgia há mais de um ano resolvida até ao fim do ano, coisa que não se verificou também”, disse Ricardo Baptista Leite.

“Vimos promessas para o ano que vem. Promessas na área da saúde mental, que eram para ter sido cumpridas em 2019 e que não foram. E um valor orçamentado para a Saúde, teoricamente para corrigir a suborçamentação, mas que nós vemos que não é suficiente para pagar a dívida vencida até outubro deste ano. Temos hospitais a acumularam dívida na ordem dos 2 milhões de euros por dia. Temos listas de espera a crescerem, quer para consultas, quer para cirurgias”, acrescentou.

O deputado social-democrata criticou também a escolha do local onde foi gravada a mensagem de Natal de António Costa: a Unidade de Saúde Familiar do Areeiro, em Lisboa. “Lamentamos no PSD que o senhor primeiro-ministro tenha escolhido um centro de saúde sem doentes, porque o SNS é um sítio com doentes. Com doentes que precisam de resposta. Podia ter escolhido um dos muitos serviços de urgência que agora, que estamos a atingir o pico da gripe, estão sem condições de resposta. A palavra que foi dada aos profissionais é uma palavra sem perceber aquilo que as pessoas estão a viver no terreno”.

“É fundamental, para se poder corrigir os problemas, haver um diagnóstico correto. E esse diagnóstico tem sido negado até agora”, acusou Baptista Leite.

Para que servem os 1.540 milhões de euros prometidos para a Saúde? 8 respostas

O deputado do PSD sublinhou também que a mensagem de António Costa começou por parecer um mea culpa, “pela incapacidade, não apenas deste Governo”, porque “em 25 anos de governação quase 19 foram de gestão socialista”. “Mas, depois, quando vemos o desenrolar da mensagem, do cenário, das próprias palavras do sr. primeiro-ministro, não passam de palavras de propaganda”, afirmou.

“Aquilo que se verifica é que em outubro passado já havia um défice face àquilo que tinha sido orçamentado superior a 500 milhões de euros. E vem agora o sr. primeiro-ministro dizer que para 2020 promete mais 800 milhões? (…) Todas as promessas não têm tradução prática. (…) Quer fazer um milagre das rosas, quer distribuir para todos, resolver todos os problemas. Infelizmente, nós temos problemas de financiamento e problemas de gestão, e este Governo não tem demonstrado capacidade de resolver nenhum desses problemas”, rematou Baptista Leite.

O primeiro-ministro divulgou na noite de quarta-feira a mensagem de Natal, gravada num centro de saúde para sublinhar que o setor é uma prioridade para a legislatura. Admitiu “vários problemas a resolver” na área da Saúde, mas elogiou a “gestão orçamental responsável” do seu Governo, que permitiu um maior investimento no setor no próximo ano.