Pelo menos 12 pessoas morreram na queda de um avião da companhia aérea Bek Air, do Cazaquistão, informam os meios de comunicação social locais, citando o ministro da Administração Interna. Sessenta e seis pessoas sobreviveram, mas 22 estão em estado grave. Havia 95 passageiros e cinco membros da tripulação a bordo. Quinze delas continuam desaparecidas.

Inicialmente, as autoridades citadas pelos jornais do Cazaquistão falavam em 15 vítimas mortais, mas o número foi atualizado para 12, em concordância com uma nova lista publicada pela companhia aérea.

Eram 07h22 no Cazaquistão, menos seis horas em Portugal Continental, quando foi dado o alerta para um acidente no voo Z2100. Segundo o site FlightRadar, o bimotor Fokker 100 perdeu altitude 19 segundos após descolar de Almaty em direção a Nur-Sultan. Embateu num muro de betão e arame farpado; mas acabou por colidir num edifício de dois andares, descrevem as autoridades do país. As imagens do acidente mostram o avião partido em dois, com o nariz do bimotor enfiado num pequeno prédio.

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A Bek Air tem uma frota de 11 aviões Fokker 100, dois dos quais já pertenceram à Portugália Airlines. No entanto, o aparelho que esteve envolvido no acidente, o UP-F1007, foi propriedade alemã antes de ser vendido ao Cazaquistão.

No momento do acidente, a aeronave estava a cinco quilómetros do aeroporto. Como a fuselagem do aparelho — o “esqueleto” do avião, normalmente feito de metal — está praticamente intacto, as autoridades têm a esperança que haja sobreviventes entre os escombros. Entretanto, o Comité de Aviação Civil do Cazaquistão já avançou que vai colocar o voo Z2100 sob investigação. Por precaução, todos os Fokker 100 no país estão proibidos de operar.

Entretanto, o Ministério da Indústria e Desenvolvimento de Infraestruturas do país divulgou os nomes dos pilotos do aparelho. Muratbaev Marat Ganievich, uma das vítimas mortais, tinha 58 anos e carta aeronáutica válida até 2024; e Muldakulov Mirzhan Gaynulovich, o co-piloto, tem 54 anos e está autorizado a comandar aviões pelo menos até 2022. A bordo estavam também três tripulantes: Valiulina M., Sakhov M. A. e Osmanov R. D., indica o jornal Tengrinews. Não se sabe se o co-piloto e a restante tripulação sobreviveram.

Uma sobrevivente do acidente contou ao Tengrinews que o avião ganhou altitude, baixou logo a seguir, voltou a subir e depois despenhou-se: “Houve um som terrível, o motor ou outra coisa qualquer. O avião começou a voar de lado. Era como em um filme, com pessoas a gritar e a chorar. Não consigo descrever tudo isto, foi muito assustador. Depois houve um golpe, um rugido, e mesmo à minha frente, um pedaço de ferro caiu e não havia saída”. A passageira conseguiu levantar-se e sair do interior do avião. Sentou-se na asa do aparelho, mas fugiu do local com receio que o avião explodisse.

Em declarações aos jornalistas, Roman Sklyar, vice-primeiro-ministro do Cazaquistão, disse que se julgava que o acidente aconteceu “por um erro do piloto ou por razões técnicas”. O político afirma que as primeiras perícias indicam que a cauda do avião tocou duas vezes na pista. De resto, prometeu apoio do Estado as famílias das vítimas mortais e aos sobreviventes do voo. A comunidade já se organizou para recolher comida para as equipas de resgate no local e há relatos de que os centros de saúde da cidade estão a receber doações de sangue para as vítimas, que estão a ser assistidas num hospital próximo ao local do acidente.

O Fokker 100 envolvido no acidente tinha 23 anos, “mas permanecia um avião resistente e que tem um bom recorde de serviços”, explicou um especialista à CNN. “A Fokker construiu aviões muito bons, com um alto grau de foco na integridade estrutural, razão pela qual este avião não se dividiu em mais pedaços”, descreveu Geoffrey Thomas. Segundo ele, “a ausência de um incêndio faz uma enorme diferença, e esse é um fator importante na capacidade de sobrevivência neste acidente — isso e a força da fuselagem”.

Outro especialista contou à CNN que o frio pode estar na origem do acidente. “O avião é praticamente um tanque. Já existe há muito tempo, mas se mantido adequadamente pode continuar a voar por muitos mais anos. É muito cedo para afirmar alguma coisa sobre manutenção ou qualquer problema na aeronave. Mas, neste momento, diria que o tempo é um fator importante”, acrescentou David Soucie. No momento do acidente estavam -7ºC em Almaty.

(Atualizado às 16h55)