Um vermelho, uma substituição, um penálti assinalado pelo VAR, um penálti mandado repetir pelo VAR, um golo na recarga à segunda grande penalidade. Antes do intervalo, o encontro entre Wolverhampton e Manchester City que encerrou a jornada do Boxing Day teve um total de oito minutos de descontos. No entanto, a história ainda não ia sequer a meio e, com uma reviravolta fantástica, a armada nacional comandada por Nuno Espírito Santo (e mais uma vez viram-se algumas bandeiras portuguesas espalhadas pelo estádio e até um cartaz com pequenas luzes a pedir a camisola a Rúben Neves) derrotou os bicampeões ingleses com o 3-2 decisivo a surgir aos 89′.

Os filhos, o ioga e os barcos: as paixões de Rui Patrício (além de defender penáltis)

As coisas até começaram melhor para o Wolverhampton que, pouco depois dos dez minutos, passaram a jogar com mais um jogador: Diogo Jota foi lançado em profundidade nas costas da defesa do conjunto de Pep Guardiola, deu o toque para a frente e foi carregado por Ederson, que viu o seu primeiro cartão vermelho desde que chegou à Liga inglesa e obrigou à saída precoce de Kun Agüero do jogo para dar lugar a Claudio Bravo. O VAR confirmou nesse lance a decisão mas seria depois protagonista em dois momentos distintos em que brilhou Rui Patrício.

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Após indicação do vídeo-árbitro, os visitantes beneficiaram de uma grande penalidade após pisão de Dendoncker na área a Mahrez. Chamado à conversão quando todos desesperavam por uma decisão no Molineux Stadium, Raheem Sterling assumiu a cobrança mas viu Rui Patrício cair também para o seu lado direito e defender o penálti antes de nova intervenção do VAR não pelo movimento do internacional português que estava ainda com o pé em cima da linha mas porque houve invasão da área antes da marcação. Guardiola ainda fez sinal para que o jogador a marcar fosse diferente, Sterling voltou a assumir, voltou a atirar para o mesmo lado, voltou a ver Rui Patrício defender mas desta vez foi feliz na zona onde caiu a bola, inaugurando o marcador na recarga (26′).

O intervalo chegou com o City na frente apesar de ter menos um jogador, algo que se foi sentindo menos com o 2-0 de novo por Sterling, a ser lançado em profundidade nas costas da defesa dos Wolves para entrar isolado na área e picar por cima de Patrício com classe (50′). Pouco depois, Adama Traoré, o menino franzino que saiu das escolas do Barcelona e é agora um monstro em termos físicos, reduziu com um remate cruzado de fora da área (55′) mas os visitados continuavam a enfrentar muitas dificuldades para chegarem à baliza contrária, algo que começou a mudar com uma substituição de Guardiola (quando tirou De Bruyne e lançou Gündogan) que permitiu um forcing final do Wolverhampton para a reviravolta com golos de Raúl Jiménez (82′) e Doherty (89′) antes de Patrício ser quase “premiado” pelos esforços na metade inicial ao ver um livre de Sterling nos descontos bater na trave.

Com este resultado, o Wolverhampton subiu ao quinto lugar da Premier League com 30 pontos, à frente de Tottenham (29), Manchester United (28) e Arsenal (24) e apenas dois pontos dos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões. Já o bicampeão Manchester City arrumou de vez as aspirações de revalidar o título, tendo já 14 pontos a menos do que o Liverpool e mais um jogo (contra o West Ham, adiado pela participação dos reds no Mundial de Clubes). No próximo domingo (16h30) vai haver um interessante Liverpool-Wolverhampton em Anfield mas há outro dado a retirar do que se passou esta noite no Molineux Stadium: mesmo havendo a condicionante da expulsão de Ederson, nunca uma equipa de Pep Guardiola tinha terminado um jogo com apenas 38% de posse.

“Foi uma noite muito boa, o jogo foi fantástico. Tudo mudou com o Manchester City reduzido a dez, mas foi bom. Tivemos muito mais posse de bola do que estávamos à espera e por isso fomos à procura de soluções. Concedemos o segundo golo e dificultámos a nossa tarefa mas tivemos uma reação fantástica. Os golos foram muito bons. VAR? Estava a pensar não falar sobre o VAR, não posso falar com os árbitros diretamente… Há decisões que afetam tudo. Apenas vi as coisas através dos ecrãs. Dendoncker tocou em Riyad Mahrez no pé, mas será isso o suficiente? Não farei parte das discussões mas elas vão continuar. Temos de confiar no VAR e no árbitro. Eles veem as imagens em slow motion, por isso decidem melhor”, comentou no final do encontro Nuno Espírito Santo.