O compositor norte-americano Jerry Herman, autor de musicais como “Hello, Dolly!” e “La Cage aux Folles”, morreu na quinta-feira, em Miami, aos 88 anos, disse esta sexta-feira um familiar do músico à Associated Press.

De acordo com Jane Dorian, afilhada de Herman, o compositor da Broadway morreu na sequência de problemas respiratórios, em Miami, onde vivia com o seu companheiro, Terry Marler.

Nascido em Nova Iorque, em julho de 1931, Jerry Herman foi distinguido com dois prémios Tony, ao longo da sua carreira, primeiro por “Hello, Dolly!”, em 1964, depois por “La Cage aux Folles”, em 1983, sobre o original francês de Jean Poiret (“A Gaiola das Malucas”), dois musicais que viriam a conhecer versões cinematográficas. Jerry Herman ganhou também dois Grammys, pelo álbum “Mame” e outro por “Hello, Dolly!”, como canção do ano.

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Inscrito na tradição do musical norte-americano, na linha histórica de Rodgers e Hammerstein, Cole Porter ou Irving Berlin, Jerry Herman era definido pelos seus pares como “um compositor otimista”, como recorda esta sexta-feira a Associated Press.

Quando recebeu o Tony por “La Cage aux Folles”, reafirmou a sua ligação à expressão ancestral dos palcos nova-iorquinos: “Há um rumor, desde há alguns anos, segundo o qual a música simples e humilde do espetáculo não era mais bem-vinda à Broadway. Bem, [a atribuição deste] prémio desmente o mito. O Musical está vivo e bem vivo“.

Na altura, a declaração de Herman foi ouvida como uma defesa da tradição, por oposição ao teatro musical mais complexo e sofisticado de Stephen Sondheim, o criador de “Sweeney Todd, o Terrível Barbeiro de Fleet Street” e de “Domingo no Parque com George”. Herman, porém, viria a desmentir essa versão, confessando-se “um fã” do seu contemporâneo.

“I’ll Be Here Tomorrow”, “The Best of Times”, “Tap Your Troubles Away”, “It’s Today”, “We Need a Little Christmas” e “Before the Parade Passes By” são algumas das suas canções de sucesso.

Jerry Herman cresceu em Jersey City, com os pais, que durante o verão dirigiam um campo de férias em Catskill.

Autodidata, na aprendizagem de piano durante a infância, Herman viria a confessar que se apaixonou pelo Musical quando os seus pais o levaram a ver “Annie Get Your Gun”, de Irving Berlin. “Pensei na dádiva desse homem [Berlin] a um estranho. Foi a minha grande inspiração naquela noite”, disse Herman à Associated Press, em 1996.

Após a formação em composição, na Universidade de Miami, Herman regressaria a Manhattan, no final da década de 1950, passando a atuar em clubes de jazz.

Estreou-se na Broadway com canções para o musical “From A to Z”, que incluía materiais de Fred Ebb e Woody Allen, e pouco depois assinaria a primeira produção própria, “Milk and Honey”, que também lhe deu as primeiras nomeações para o Tony (os prémios da Broadway).

A consagração aconteceu com “Hello, Dolly!”, em 1964, protagonizada Carol Channing, um espetáculo que conquistou um total de 10 prémios Tony.

Seguiu-se “Mame”, protagonizado por Angela Lansbury, peça que dominou as nomeações para os Tony e que viria a conquistar os Grammy. Em 1983, “La Cage aux Folles”, com o seu pioneiro hino da comunidade gay, “I Am What I Am”, voltaria a confirmar o lugar de Jerry Herman na primeira linha do teatro musical norte-americano.

Em 2009, Jerry Herman foi distinguido com o prémio Tony de carreira, atribuído pela American Theatre Wing e a Broadway League.