O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau disse à Lusa que as urnas encerraram às 17h00 locais (mesma hora em Lisboa), na segunda volta das presidenciais, tendo ocorrido “pequenos incidentes que a polícia resolveu”. José Pedro Sambu afirmou que “de modo global, o processo decorreu tranquilamente” em todo o território da Guiné-Bissau.

O também juiz do Supremo Tribunal de Justiça referiu que ao longo do dia foram referenciados “alguns pequenos incidentes”, mas que na realidade não correspondem à realidade, após as averiguações dos serviços competentes. Disse, por exemplo, que circularam rumores de que existiriam boletins falsos na região norte do país, mas que a polícia desmentiu após as averiguações.

José Pedro Sambu confirmou ter sido informado pela polícia da detenção de uma pessoa, em Bissau, na posse de um computador, com o qual, alegadamente, estaria a “tentar fabricar boletins de voto”. “Mas, são situações que foram tratadas ao nível da polícia”, observou José Pedro Sambu.

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Relatos sobre afluência às urnas variaram ao longo do dia

Mais de 760.000 guineenses foram este domingo chamados às urnas para escolherem o próximo Presidente da Guiné-Bissau entre Domingos Simões Pereira, candidato do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e Umaro Sissoco Embaló, candidato do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15).

Durante o dia, os relatos sobre a mobilização dos eleitores variaram. O chefe da missão de observação eleitoral da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) disse que a afluência às urnas era “forte”, mas o coordenador da célula da sociedade civil guineense para a monitorização do processo eleitoral, Rui Semedo, afirmava que “está a ser fraca”.

De acordo com o chefe da missão de observação eleitoral da CEDEAO, Sumeylu Bubeye Maiga , “antes das 11h00 horas (mesma hora em Lisboa)” já havia “perto de 50% de votantes”. “Isto quer dizer que a sensibilização, mobilização das pessoas é forte”, disse o antigo primeiro-ministro do Mali. Rui Semedo defende o contrário:

“Pelas informações, a afluência é muito fraca em relação à primeira volta. As pessoas estão a ir a conta-gotas às assembleias do voto e isso preocupa-nos bastante”, afirmou Rui Semedo, num primeiro balanço da votação.

O coordenador da célula, que agrupa várias organizações da sociedade civil guineense, receia que o número da abstenção possa superar o da primeira volta, que foi na ordem de 25%. Algumas rádios preencheram a sua programação com apelos aos eleitores para se dirigirem às assembleias de voto, indicou Semedo, precisando que a fraca afluência às urnas é registada em todo o território guineense.

Sumeylu Bubeye Maiga disse que tudo está a decorrer de forma calma, o que “é bom sinal”, acreditando que se vai manter assim até ao final da votação. “A legitimidade do próximo Presidente será forte para poder trabalhar e mobilizar todo o país para a resolução das necessidades do povo”, sublinhou.

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Na mesma linha, Rui Semedo disse também que de modo geral a votação decorre dentro da normalidade, salvo duas situações registadas, logo no início do processo, em Tombali, no sul, onde alguns boletins do voto não estavam autenticados, conforme a lei, com o carimbo da Comissão Nacional de Eleições (CNE), na frente e verso. Avisado, o presidente da Comissão Regional de Eleições (CRE) resolveu a situação antes do início da votação, precisou Rui Semedo.

A mesma situação ocorreu em Biombo, nordeste, sendo que 40 pessoas já tinham votado em boletins não autenticados, disse Semedo. “Aqueles votos foram contabilizados e registados”, precisou o coordenador da célula da sociedade civil para a monitorização do processo eleitoral, instituição financiada pela União Europeia.

Em relação aos resultados da votação dos quais sairá o novo Presidente guineense, Rui Semedo citou fontes oficiosas para apontam que poderão ser conhecidos na terça-feira, mas pediu que sejam proclamados “o quanto antes para evitar especulações e tensões pós-votação”.

União Africana destaca comportamento cívico e exemplar do povo guineense nas eleições

O chefe da missão de observação eleitoral da União Africana, Rafael Branco, destacou também o comportamento “cívico” e “exemplar” do povo guineense na votação e sublinhou que as primeiras impressões são bastantes positivas.

“Nós estivemos na abertura de várias assembleias de voto, tudo correu normalmente, tranquilamente, os cidadãos presentes exerceram os seus direitos, havia delegados dos dois candidatos presentes. Vamos estando habituados a este comportamento cívico, exemplar, do povo guineense”, afirmou em declarações aos jornalistas Rafael Branco.

Segundo o chefe da missão de observação eleitoral da União Africana, até ao momento, não registar qualquer incidente, salientando que estão presentes em todo o território nacional, incluindo as ilhas. “Em relação à primeira volta e à mesma hora, noto um aumento de participação de eleitores, não será muito significativo, mas há a registar um aumento”, disse. “Espero que continue assim e aguardemos pelas 17h00”, acrescentou.