Na Alemanha, o partido de centro-esquerda SPD é tradicionalmente o segundo mais votado, logo atrás do CDU de Angela Merkel. Razão pela qual, mais cedo ou mais tarde, os seus princípios e estratégias relacionados com o automóvel têm alguma probabilidade de vir a ser implementados. Daí a preocupação, para os donos e fãs das grandes pick-up, ao ver o líder do partido, Matthias Miersch, bater-se pela proibição deste tipo de veículo.

Para Miersch, o objectivo é banir os veículos que mais consomem, pois são igualmente eles os que mais poluem. E, segundo as declarações do seu líder, o SPD não pretende limitar à Alemanha a proibição das grandes pick-up a gasolina, que o político define como americanas, pois também pretende convencer a União Europeia a alinhar pela mesma bitola. Será curioso ver como Miersch tentará convencer os seus parceiros que é uma boa ideia cortar com as vendas das pick-up (veículos vendidos na Alemanha e no resto da Europa em quantidades muito reduzidas), mas nada fazer em relação aos grandes SUV. Aos quais, aliás, nunca se referiu.

Para se ter uma ideia do que está em causa, basta recordar que a Ford F-150 com motor sobrealimentado a gasolina anuncia um consumo de 11,2 litros/100 km, isto segundo o método americano EPA, quando um Mercedes GLS pode chegar aos 11,9 litros e um BMW X7 aos 12,5 litros, pelo que só por artes mágicas o SPD conseguirá deixar de fora os grandes SUV nesta batalha contra as grandes pick-up. Isto se pretender mesmo reduzir as emissões de forma significativa. E se, ou quando, decidir perseguir os SUV mais poluentes, será ainda mais complicado poupar os desportivos alemães, todos eles a gastar mais do que os SUV…

O mais difícil de explicar, por Miersch, é que o seu desejo de banir as pick-up americanas gastadoras e poluentes não se fica apenas pelos modelos que montam motores a gasolina. Em declarações à Redaktionsnetzwerk Deutschland, o homem forte do SPD acaba por afirmar que até as grandes pick-up eléctricas, como a Cybertruck que a Tesla apresentou recentemente, devem ser banidas. Defende o político que “só ser eléctrico não basta, pois os carros também têm de ser eficientes em termos energéticos”. Este é outro ponto em que Miersch vai ter de comparar o consumo de energia das pick-up a bateria com os SUV e desportivos com a mesma tecnologia, como o novo Porsche Taycan, para perceber quem na realidade necessita de mais energia para se locomover.

De recordar que Miersch é um dos políticos que mais se bate pela criação do limite de 130 km/h nas auto-estradas, com o qual diz esperar “reduzir cerca de 2 milhões de toneladas de CO2 anualmente”.

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