Em 2019, foram mortos, na Colômbia, 77 antigos combatentes das FARC, no ano “mais mortífero” para os ex-guerrilheiros desde a assinatura do acordo de paz de 2016, refere um relatório das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira.

Segundo a missão da ONU na Colômbia, em 2019 ocorreram 77 assassinatos de ex-combatentes da antiga guerrilha marxista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), contra 65 em 2018 e 31 em 2017.

“Até ao momento registamos um total de 173 mortes, às quais se juntam 14 desaparecidos e 29 tentativas de homicídio” desde a assinatura do acordo de paz em novembro de 2016 entre as FARC e o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos, sublinha o relatório.

A missão das Nações Unidas, que supervisiona a aplicação do acordo, tem pressionado o Governo a adotar “as medidas mais eficazes para proteger a vida dos ex-combatentes”, e quando “2019 foi o ano mais violento” contra os antigos guerrilheiros.

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Segundo as autoridades colombianas, 80% dos ataques foram perpetrados por grupos armados ilegais e organizações criminais com ligações ao narcotráfico e a outras atividades ilegais.

“Dificuldades continuam a impedir o desmantelamento das estruturas na origem destas mortes porque apenas nove dos 67 suspeitos detidos são os instigadores”, indica o relatório.

Em entrevista à rádio local Blu Radio, o Presidente colombiano, Ivan Duque, manifestou-se “preocupado” pela situação e indicou pretender “melhorar as ferramentas (…) de proteção” dos antigos combatentes.

A ONU também sublinha o aumento das violências contra defensores dos direitos humanos e dos dirigentes da sociedade civil. Após a assinatura do acordo de paz, 303 destes ativistas foram mortos, dos quais 86 em 2019, e onde se incluem 12 mulheres.

O relatório deve ser apresentado ao Conselho de Segurança da ONU pelo seu secretário-geral, António Guterres.

A dissolução da guerrilha das FARC, hoje um partido político, e o desarmamento de 7.000 combatentes diminuiu o nível de violência na Colômbia, mas grupos armados, incluindo com ligações à extrema-direita, continuam ativos em zonas recuadas do país, alimentadas principalmente pelos recursos extraídos do narcotráfico.

Os antigos guerrilheiros das FARC e os líderes comunitários são considerados geralmente um obstáculo para estas grupos criminais, que procuram controlar os territórios também para aumentar as culturas ilegais de coca destinadas ao fabrico de cocaína.