Foram campeões europeus como jogadores, foram campeões europeus como treinadores e andaram sempre por caminhos que nunca se cruzaram mas que seguiam de forma paralela: Ancelotti chegou a Espanha um ano depois de Guardiola ter deixado o Barcelona, o espanhol saiu para Inglaterra e foi substituído nos alemães do Bayern pelo italiano. Esta época, após uma saída conturbada do Nápoles, o transalpino apanhou finalmente Pep na mesma liga e foram muitos os elogios na antecâmara do primeiro confronto no plano nacional entre ambos – e até uma confissão, de quando Carlo Ancelotti tentou contratar Guardiola como jogador para o Parma.

“Respeitamo-nos muito, o Pep [Guardiola] é um grande treinador. Aliás, em certos aspetos, ele é mesmo um génio porque consegue sempre trazer algo especial para o campo”, comentou Ancelotti, que deu um prolongado abraço ao espanhol antes do encontro no Ettihad Stadium, quase esquecendo que no período de aquecimento tinha perdido um dos seus principais criativos por lesão (Bernard). No entanto, o efeito Pep já viveu melhores dias e está nesta altura a ser afetado pelo furacão Klopp que arrastou o Liverpool para uma posição de liderança consolidada.

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“O que podemos fazer? Trabalhar muito, jogar melhor e rezar porque o Liverpool é uma equipa fantástica. Tivemos alguns problemas com lesões, o que às vezes acontece, mas eles têm estado incríveis. Ganharam a Liga dos Campeões, agora só perderam dois pontos na Premier League… Temos de felicitá-los. Sei que a distância não é o que deveria ser mas as coisas são o que são”, referiu o espanhol a propósito dos 14 pontos de desvantagem para o primeiro lugar – sendo que pelo meio ainda está o surpreendente Leicester de Brendan Rodgers, que reforçou a segunda posição esta quarta-feira com um triunfo por 3-0 na deslocação a Newcastle.

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O jogo prometia, os golos não apareceram na primeira parte mas o interesse futebolístico esteve sempre lá. Com o Manchester City a deixar no banco Kyle Walker, Bernardo Silva, David Silva, Agüero e Sterling e o Everton ainda em adaptação a uma ideia tática que coloca uma defesa a três com bola mas que se transforma numa linha de quatro ou cinco sem bola consoante os posicionamentos de Sidibé e Digne, Ryan Mahrez foi o grande destaque mas travado de forma constante pelo VAR: viu um golo de Foden após assistência de João Cancelo anulado por estar ligeiramente adiantado no início da jogada e ainda viu negada a possibilidade de ganhar um penálti não por estar em posição irregular como foi marcado mas por ter ajeitado a bola com a mão na área.

Depois, entrou em campo o génio de Gabriel Jesus e num contexto curioso por ser na semana seguinte a uma troca de “indiretas” entre o avançado brasileiro e Guardiola em entrevistas sem que fosse assumido como recado: o jogador recordou que Agüero tem grande qualidade mas que é mais velho e que, como tal, esta deveria ser a hora da sucessão, o técnico considerou Agüero um elemento insubstituível. Depois de ter registado o melhor mês da época em dezembro, o internacional festejou com o já famoso “Alô mãe” por duas ocasiões em menos de dez minutos e teve ainda mais uma bola ao poste no último quarto hora (além de duas grandes defesas de Pickford).

Sempre que marco um golo pelo Manchester City, a minha mãe liga-me. Assim que a bola balança no fundo da rede, o telefone toca. Não importa se ela está em casa, no Brasil ou no estádio a ver-me jogar, ela liga todas as vezes. Então, corro até a bandeirola de canto, coloco a mão no meu ouvido e digo: “Alô, Mãe”. Quando cheguei ao City, as pessoas acharam isso muito engraçado e eles estavam sempre a perguntar o que aquilo significava. Tem uma resposta rápida: amo minha mãe e ela está sempre a ligar-me. Tem uma resposta longa, que começa quando ainda era um menino com um sonho. É claro que no Brasil existem milhões de meninos com um sonho mas tive sorte porque no meio do caminho pude conhecer alguns super-heróis”, contou no The Players’ Tribune.

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No golo inaugural, o avançado conseguiu receber de Gündogan de forma orientada, ganhar uma pequena nesga de espaço e rematar em arco com Pickford a tocar ainda na bola sem conseguir desviar da trajetória da baliza (51′); no segundo, concluiu da melhor forma uma fantástica jogada coletiva que passou por Foden, De Bruyne e Mahrez até à assistência para o brasileiro (58′) que reforçou os números de mérito sempre que começa como titular: 13 golos e três assistências em 15 jogos esta temporada, 53 golos e 16 assistências em 75 partidas desde que chegou ao City. E isto tendo o Everton como principal vítima desses números desde que foi para Inglaterra, em 2017. O máximo que o Everton conseguiria seria reduzir para o 2-1 final com Richarlison a concluir ao segundo poste uma jogada iniciada num erro de Claudio Bravo na saída de bola pelo chão a partir da sua área (71′).