A lista pode não ser perfeita mas os golos iniciais em cada ano civil de Premier League têm uma tendência recente para ficarem reservados para alguns dos melhores avançados da competição, casos de Rooney, Berbatov, Harry Kane ou Jamie Vardy, que pelo Leicester apontara o primeiro golo de 2019. Tammy Abraham ficou próximo de entrar na lista, Jack Grealish do Aston Villa (que jogava com o Burnley) viu um lance anulado pelo VAR e aquela distinção a que tanto se liga mas que pouco ou nada conta acabou por cair para César Azpilicueta, defesa espanhol que marcou o primeiro golo do ano e da década no Campeonato de Inglaterra.

O polivalente jogador, que serviu de exemplo para uma “provocação” (na base do humor, entenda-se) do Chelsea a Cristiano Ronaldo quando os blues escreveram nas suas redes sociais que o espanhol tinha mais golos nesta Liga dos Campeões do que o avançado, nunca foi propriamente um jogador de marcar muito mas de repente surge com um índice de eficácia que nada tem a ver com os registos passados, com três golos nos últimos 11 encontros quando antes para chegar a esse número precisara de um total de 118 partidas. E logo no 100.º jogo como capitão dos londrinos, clube onde chegou em 2012 após passagens por Osasuna e Marselha e pelo qual já ganhou seis títulos, entre os quais duas Premier League e duas Ligas Europa. No entanto, a figura deste primeiro compromisso do ano em terras ingleses acabaria por ser mesmo um avançado iraniano.

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Depois de passar cinco anos na Holanda entre NEC e AZ, Alireza Jahanbakhsh, que fez parte das gerações do Irão que marcaram presença em grandes competições com Carlos Queiroz no comando, aceitou uma nova aventura e tornou-se em julho de 2018 a contratação mais cara de sempre do Brighton (20 milhões de euros). Na primeira temporada, não marcou qualquer golo e foi somando ausências atrás de ausências, ou por lesões ou pela Taça da Ásia; agora, o caminho não era diferente. Até que, no último encontro do ano civil de 2019, estreou-se finalmente com o Bournemouth e não conseguiu esconder as lágrimas enquanto era abraçado pelos companheiros.

“Aquilo que foi mais complicado para mim foi ter uma nova equipa, numa nova cidade e num nova cultura. Quando se está tanto tempo fora e de repente aparece a oportunidade, é sempre complicado manter os níveis mentais altos. Falo com a minha família, falo com os meus amigos. São pessoas que me inspiram”, explicou em declarações citadas pelo The Telegraph após esse primeiro golo conseguido na Premier League. “Agora estou mais adaptado à equipa e à cidade. O primeiro ano na Premier League foi muito complicado mas tenho um sensação diferente em relação à última época, apesar de não saber ainda como vai ser o meu futuro”, acrescentou.

Se é complicado prever o futuro, seria impossível imaginar que teria um arranque de ano civil como aquele que alcançou no Falmer Stadium esta quarta-feira: após substituir Aaron Mooy aos 68′, o médio ofensivo iraniano teve um golo que no primeiro dia já é candidato a golo da década com uma bicicleta que deixou Kepa pregado ao relvado e que deu o empate ao Brighton na receção ao Chelsea, que vinha moralizado depois do triunfo em Londres no dérbi com o Arsenal. Desta vez, não chorou mas fez chorar. E a emoção foi mais que muita nesse momento, até ao final e depois do último apito, como se percebeu pelas reações de companheiros e adeptos ao golo.