Há mais de quarenta anos, no verão de 1976, uma família norte-americano fazia uma caminhada em Clark County, nos confins do estado de Idaho, quando encontrou o tronco de um cadáver dentro de uma caverna, a Buffalo Cave. Os restos mortais — estes e outros, encontrados em 1991 por uma rapariga — foram enviados para o Instituto Smithsonian, que tinha a função de descobrir a quem pertenciam. Só em 2019 é que a missão foi cumprida: era Joseph Henry Loveless, um assassino que desapareceu em 1916 depois de ter fugido da prisão, onde cumpria pena por ter matado a segunda mulher.

A história é contada pelo The New York Times. Até agora, tudo o que os cientistas sabiam é que Joseph Henry Loveless era ruivo, tinha ascendência europeia, devia ter 40 anos quando morreu e que o corpo deve ter sido desmembrado com várias ferramentas pontiagudas. Era tudo o que os ossos permitiam saber, principalmente porque a cabeça do cadáver nunca chegou a ser encontrada. Mas o avanço das tecnologias permitiu dar um salto na investigação. E na terça-feira soube-se a verdadeira identidade do corpo de Buffalo Cave.

Joseph Henry Loveless nasceu a 03 de dezembro de 1870 no seio de uma das primeiras famílias de mormons no estado norte-americano de Utah. Casou duas vezes. A primeira mulher, Harriett Jane Savage, divorciou-se dele por “abandono”, numa época em que Joe, um “fora da lei”, se dedicava ao contrabando, à falsificação de bens. A segunda, Agnes Octavia Caldwell Loveless, morreu às mãos do marido a 5 de maio de 1916.

Condenado à prisão, Joseph Henry Loveless não tardou a escapar à cadeia tal como fazia sempre. Com a lâmina que guardava sempre num dos sapatos, Joe serrou as barras da cela e fugiu da Prisão de Santo António a 18 de maio de 1916. Só veio a ser encontrado seis décadas mais tarde. E identificado mais de 100 anos depois. Entretanto, a história de Joseph e Agnes foi partilhada com um bisneto do casal, de 87 anos.

Tudo isto foi descoberto depois de o Instituto Smithsonian ter pedido a assistência do DNA Doe Project, uma organização sem fins lucrativos que utiliza um banco de dados com informação genética para ajudar a resolver casos criminais com tecnologia de ponta na área da genética. Graças a essas informações, os investigadores conseguiram desenhar a árvore genealógica daquele cadáver e descobrir que era descendente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, neto de um avô casado com quatro mulheres.

Falta saber como é que Joe Loveless morreu.

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