João Félix mudou-se para o Atl. Madrid durante o verão e beneficiou de um hype de popularidade que o atirou para tudo aquilo que era a atualidade desportiva e generalista tanto portuguesa como espanhola. Com o passar dos meses, e depois do primeiro jogo na liga espanhola, da primeira assistência, do primeiro golo, o jovem jogador português foi caindo na lista de prioridades daquilo que é o acompanhamento do futebol europeu. Lesionou-se, voltou, continua sem marcar golos mas no final do ano foi novamente notícia diária: quase sempre por tudo aquilo que fez fora dos relvados e não dentro deles.

Primeiro, recebeu o prémio Golden Boy, a distinção para o melhor jogador Sub-21 da Europa. Depois, ganhou no Dubai e ao lado de Jorge Mendes e Cristiano Ronaldo o troféu de Revelação do Ano dos Globe Soccer Awards. E por fim, num movimento mediático quase inevitável, foi notícia por tudo aquilo que é a vida pessoal de um jovem de apenas 20 anos durante o Natal e a passagem de ano. Este sábado, no Wanda Metropolitano contra o Levante, João Félix voltava à liga espanhola, à titularidade do Atl. Madrid e à perseguição aos golos que têm escasseado. Uma escassez que, como o próprio explicou em entrevista ao jornal A Bola, precisa da sua quota parte de sorte para acabar.

“Claro que queria já ter marcado mais golos, mas se calhar na época passada quando chutava era golo, se calhar batia na perna de um jogador e entrava e agora está a custar um bocadinho a entrar. Quando a bola começar a entrar vão ser uns golos atrás dos outros”, disse o jovem jogador. Se a bola não entrado para João Félix, também não tem entrado para o Atl. Madrid, que tem estado na atualidade do mercado de inverno devido ao interesse em Cavani, o avançado uruguaio do PSG que perdeu espaço entre Icardi, Neymar, Mbappé e Di María. Contra o Levante, a equipa de Simeone procurava começar 2020 da melhor maneira e não abrir ainda mais o fosso para Barcelona e Real Madrid. O ritmo da partida ficou patente logo nos primeiros segundos, com Félix a ficar muito perto de abrir o marcador e Correa a permitir a defesa ao guarda-redes Fernández, e depressa se percebeu que o jogo seria disputado a uma velocidade algo acima do normal.

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Ainda antes de estar cumprido o primeiro quarto de hora, o Atl. Madrid acabou por chegar à vantagem através de uma jogada de ataque bem construída e eficaz — e que raramente se tem visto esta temporada na equipa de Diego Simeone. Thomas Partey abriu na direita em Trippier, o lateral inglês cruzou de forma tensa para a grande área e Correa apareceu a desviar de primeira para fazer golo (13′). A vantagem colchonera, contudo, durou apenas três minutos, já que Roger Martí aproveitou um livre batido de forma pouco ortodoxa para bater Oblak à meia volta (16′). Numa prova daquilo que estavam a ser os primeiros 20 minutos de jogo no Wanda, Felipe voltou a colocar o Atl. Madrid a ganhar com um cabeceamento forte depois de um cruzamento largo de Renan Lodi na sequência de um canto batido por Félix (18′). Na ida para o intervalo, e já depois de um quase inevitável desacelerar da partida, a equipa de Simeone estava a ganhar a um adversário que está a meio da tabela mas terminou a primeira parte com mais posse de bola (ainda que o Atl. Madrid fosse sempre mais perigoso quando chegava à baliza contrária).

Felipe, antigo central do FC Porto, marcou o segundo golo do Atl. Madrid

Na segunda parte, o Atl. Madrid teve dificuldades em ligar o setor intermédio ao mais adiantado e pareceu sempre assentar alguma confiança volátil na vantagem que ainda detinha no marcador. O Levante vendeu cara a derrota, mantendo algum ascendente durante todo o segundo tempo e procurando sempre o empate, beneficiando também daquilo que foi o progressivo desligar da equipa de Simeone da partida. Ainda assim, e muito fruto da qualidade individual da equipa, acabou por ser o Atl. Madrid a criar as melhores oportunidades até ao apito final, com João Félix a rematar rasteiro ao lado (80′) quando tinha tudo para fazer o terceiro golo colchonero.

Numa reta final de partida em que o Atl. Madrid foi obrigado a sofrer, já que recuou por completo e abriu espaço a vários minutos consecutivos em que o Levante soube asfixiar a defesa adversária e procurar a baliza, Oblak acabou por segurar a vitória do Atl. Madrid com uma defesa impressionante a um cabeceamento de Bardhi já nos descontos (90+3′). O antigo guarda-redes do Benfica, que defendeu 14 dos últimos 17 remates que equipas adversárias fizeram à baliza do conjunto de Simeone, garantiu os três pontos ao Atl. Madrid e a manutenção da distância para Barcelona e Real Madrid. João Félix, que foi substituído antes dos 90 minutos, voltou a ficar perto de marcar, voltou a não conseguir marcar e a bola continua a não entrar. É preciso esperar para ver se, como o próprio diz, “quando a bola começar a entrar vão ser uns atrás dos outros”.