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As cadeiras voaram mas é Cervi quem continua a andar nas nuvens (a crónica do V. Guimarães-Benfica)

Este artigo tem mais de 4 anos

O Benfica sofreu no D. Afonso Henriques mas acabou por vencer o V. Guimarães pela vantagem mínima (0-1). Num jogo onde voaram cadeiras nas bancadas, é Cervi quem continua a marcar e a ser decisivo.

O jogador argentino marcou pela terceira vez esta temporada
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O jogador argentino marcou pela terceira vez esta temporada

Getty Images

O jogador argentino marcou pela terceira vez esta temporada

Getty Images

Passou um ano. Há um ano, fez esta sexta-feira um ano, os adeptos do Benfica ficavam a saber que seria Bruno Lage a substituir Rui Vitória e a assumir o comando técnico da equipa principal encarnada. A reação de todos, ou pelo menos da larga maioria que não acompanha regularmente as aventuras da formação do clube, foi semelhante: “Quem é Bruno Lage?”. Na altura, o treinador natural de Setúbal foi apresentado como o antigo adjunto de Carlos Carvalhal na Premier League que era um teórico do futebol e tinha como principal inspiração Jaime Graça. Passou um ano. E essas três linhas de personalidade são agora a última coisa em que os adeptos do Benfica pensam quando o assunto é Bruno Lage.

No ano que passou, o treinador conquistou a Primeira Liga depois de ter estado sete pontos atrás do FC Porto, impulsionou a formação com as apostas em João Félix, Gedson, Florentino e Ferro, valorizou o primeiro até este chegar aos 126 milhões de euros e está novamente na liderança da classificação rumo à renovação do título. Pelo meio, só falhou na Europa — a Europa que é um dos objetivos a longo prazo do clube, com é notório pelas duas contratações no valor de 40 milhões de euros globais que o Benfica fez em menos de seis meses.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-Benfica, 0-1

15ª jornada da Primeira Liga

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

V. Guimarães: Douglas, Victor Garcia, Tapsoba, Pedrão, Florent, Pepê, João Carlos Teixeira (Poha, 58’), Lucas Evangelista (Rochinha, 77’), Edwards, Bonatini (Bruno Duarte, 69’), Davidson

Suplentes não utilizados: Miguel Silva, Frederico Venâncio, Rafa Soares, Mikel

Treinador: Ivo Vieira

Benfica: Vlachodimos, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Pizzi (Gedson, 90+2′), Gabriel, Adel Taarabt, Cervi, Chiquinho (Samaris, 81’), Vinícius (Seferovic, 71’)

Suplentes não utilizados: Zlobin, André Almeida, Caio, Raúl de Tomás

Treinador: Bruno Lage

Golos: Cervi (23’)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Lucas Evangelista (31’), Tomás Tavares (42’), Davidson (52’), João Carlos Teixeira (57’), Rochinha (90′  90+6′), Taarabt (90+9′); cartão vermelho por acumulação a Rochinha (90+6′)

A segunda dessas transferências, a chegada do alemão Julian Weigl proveniente do Borussia Dortmund, foi o tema mais premente na Luz nos últimos dias e foi também o ingrediente secreto numa receita cujo resultado é a ideia de que o Benfica vive um dos melhores momentos das últimas décadas, tanto a nível desportivo como institucional. Domingos Soares de Oliveira, o CEO do clube, confirmou isso mesmo na última semana, quando reconheceu que o poderio financeiro do Benfica é hoje “diferente”. Uma diferença que permite ao clube contratar jogadores por 20 milhões de euros, que permite entrar na luta com “tubarões” por negócios outrora impensáveis e que permite ter um projeto europeu.

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Depois de uma pausa natalícia e de fim de ano que parou todas as competições portuguesas durante duas semanas, Bruno Lage deixou claro que a interrupção do calendário em nada alterou aquilo que é e que tem sido a linha de pensamento do Benfica. Os encarnados apresentavam-se no D. Afonso Henriques com aquele que tem sido o onze tipo da equipa — com André Almeida, já recuperado, no banco de suplentes mas Tomás Tavares a manter a titularidade –, com Chiquinho no apoio a Vinícius e Cervi a ocupar o lugar que em circunstâncias totalmente normais seria de Rafa. Do outro lado, numa equipa que está no quinto lugar da Liga e que garantiu a presença na final four da Taça da Liga (ao contrário do Benfica), Ivo Vieira mantinha as habituais referências com João Carlos Teixeira e Lucas Evangelista nas costas de Léo Bonatini e Marcus Edwards a desequilibrar no corredor direito.

Os primeiros minutos da partida, ainda que não tenham trazido qualquer oportunidade de golo, mostraram desde logo que o ritmo do jogo estaria muito acima da média. O V. Guimarães apresentou-se com as linhas muito subidas, com o setor mais recuado próximo do intermédio e juntos a servirem de tampão ao avançar do conjunto encarnado. O Benfica demonstrava muitas dificuldades na saída a jogar e não conseguia procurar o meio-campo adversário com a bola controlada, recorrendo quase sempre a uma profundidade que poucos ou nenhuns frutos trazia. Carlos Vinícius, muito isolado entre os dois centrais, ia somando perdas de bola e não encontrava linhas de passe para evitar remar sozinho, enquanto que Pizzi estava mais ocupado a ajudar Tomás Tavares a parar Davidson e Evangelista do que a embrenhar-se no ataque. Foi mesmo Davidson o primeiro a rematar na partida, ainda que muito por cima (12′), mas acabou por ser a eficácia absoluta do Benfica a fazer a diferença ainda antes da meia-hora.

Na primeira vez que conseguiu ultrapassar o bloqueio apresentado pelo V. Guimarães, Pizzi recebeu no corredor direito, assistiu Cervi à entrada da grande área e o jogador argentino rematou rasteiro para abrir o marcador (23′). Ainda assim, e apesar da vantagem encarnada, a equipa de Bruno Lage chegou mesmo ao intervalo com apenas um remate — o do golo –, algo que nunca tinha conseguido desde o início da temporada, e poderia ter visto Vlachodimos ser batido mais do que uma vez. Lucas Evangelista esteve perto de empatar com um remate rasteiro que o guarda-redes grego afastou pela linha de fundo (30′) e Marcus Edwards tirou da cartola um lance individual que ainda teve recarga de João Carlos Teixeira (39′). O jogador inglês ia sendo o principal desequilibrador da equipa de Ivo Vieira e a principal ameaça à baliza encarnada, já que nunca desistia de um lance e obrigava Ferro a descompensar o eixo defensivo para apoiar Grimaldo.

No final da primeira parte, o jogo estava a decorrer a um ritmo acelerado não só dentro do relvado — onde os jogadores já aproveitavam todas as pausas para descansar — mas também nas bancadas. Confrontos entre adeptos das duas equipas, com cadeiras e tochas a voarem pelo ar, obrigaram o árbitro Nuno Almeida a interromper a partida em duas ocasiões até que a ordem estivesse restabelecida. O V. Guimarães estava a obrigar o Benfica a errar para beneficiar do espaço entre as linhas encarnadas e era logo na primeira fase de construção, ainda no próprio meio-campo, que a equipa de Bruno Lage era mais vezes apanhada em pleno desequilíbrio ou desatenção.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do V. Guimarães-Benfica:]

Na segunda parte, quando se pedia ao Benfica que tentasse implementar o habitual controlo das ocorrências que lhe permite rendilhar os lances e chegar de forma controlada e natural à baliza adversária, o V. Guimarães regressou exatamente com a mesma intensidade e com o mesmo ritmo que impedia o Benfica de encaixar as peças do puzzle. Com o avançar do relógio, e mesmo sem que os vimaranenses conseguissem transformar o ascendente que iam resguardando em oportunidades de golo, a equipa de Bruno Lage começou a reconhecer que não iria conseguir implementar a habitual forma de jogar e que teria de atuar com o resultado em mente. Ao invés de procurar sempre a construção apoiada, o Benfica começou a trabalhar a transição rápida nas costas da defesa do V. Guimarães para tentar surpreender e chegar ao segundo golo.

Ivo Vieira trocou João Carlos Teixeira, que já tinha visto cartão amarelo, por Poha, mas os vimaranenses continuavam a não conseguir diluir a superior posse de bola em oportunidades. Com uma quebra quase inevitável de ritmo, o V. Guimarães foi permitindo que o Benfica congelasse progressivamente a partida, principalmente por intermédio da ação de Taarabt na zona intermédia, acabando por rendilhar o jogo durante largos minutos sem nunca conseguir causar perigo junto da baliza de Vlachodimos. A melhor (e única) ocasião de que o V. Guimarães beneficiou na segunda parte para empatar surgiu mesmo depois de um erro do guarda-redes grego, que ofereceu o remate a Lucas Evangelista para depois evitar o golo com uma grande defesa (69′).

Até ao apito final, o Benfica foi crescendo e evoluindo, Bruno Lage ainda tirou os apagados Carlos Vinícius e Pizzi para lançar Seferovic e Gedson, os encarnados conseguiram segurar a vantagem magra (e os três pontos) até ao fim do jogo e Rochinha ainda foi expulso por acumulação de amarelos já nos descontos. O Benfica sai de Guimarães com uma vitória numa das deslocações mais complexas da temporada mas longe de ter nota máxima, muito por mérito do V. Guimarães de Ivo Vieira, que provou novamente que é provavelmente a melhor equipa extra três grandes da Primeira Liga. Um ano depois de ter chegado ao comando técnico dos encarnados, e no sítio onde na temporada passada garantiu ter existido “o clique” que motivou a conquista do Campeonato, Bruno Lage garantiu desde já a manutenção da distância para o FC Porto e pressionou os dragões na véspera da visita a Alvalade. E Cervi, que marcou pela terceira vez esta temporada, voltou a ser decisivo e foi um dos melhores a nível global, continua a andar nas nuvens depois de ter estado perto de ser dispensado durante o verão.

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