O Governo do Brasil defendeu na sexta-feira a “luta contra o flagelo do terrorismo”, no dia em que um ataque dos Estados Unidos em Bagdad matou o poderoso general iraniano Qassem Soleiman.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro alinhou-se com Washington, ao condenar expressamente o ataque à embaixada dos EUA em Bagdad, no início da semana, mas não o ataque aéreo de sexta-feira ordenado por Donald Trump.

“O Governo brasileiro manifesta o seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, refere o Itamaraty.

O Brasil “está igualmente pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”, acrescenta.

O Executivo liderado por Jair Bolsonaro, forte aliado do Presidente Donald Trump, sublinha que “o terrorismo não pode ser considerado um problema restrito ao Médio Oriente e aos países desenvolvidos”.

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Assim, defende, o “Brasil não pode permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul”.

“O Brasil acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas”, refere ainda.

O presidente brasileiro já tinha admitido que o ataque dos EUA no Iraque, que matou o comandante da força de elite dos Guardiães da Revolução iranianos, Al-Qods, vai afetar o preço do petróleo e pode “complicar” o mercado de combustíveis no Brasil.

“Que vai ter impacto, vai. Agora, vamos ver o nosso limite aqui. Se subir (o preço dos combustíveis), que já está alto, pode complicar”, afirmou o chefe de Estado à saída do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial, em Brasília.

Explicador. O que levou os EUA a matar Soleimani e o que ainda pode vir por aí

No comunicado divulgado na sexta-feira à noite, o Itamaraty pede ainda respeito pela Convenção de Viena, na sequência do ataque inédito à embaixada dos EUA em Bagdad, e pela “integridade dos agentes diplomáticos dos EUA reconhecidos pelo governo iraquiano presentes naquele país”.

Qassem Soleiman, figura-chave da crescente influência iraniana no Médio Oriente, morreu na sexta-feira num ataque dos Estados Unidos com um ‘drone’ [aparelho aéreo não tripulado], em Bagdad, juntamente com o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque Hachd al-Chaab, Abu Mehdi al-Muhandis, e outras seis pessoas.

O líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, prometeu vingar a morte de Soleimani, e o Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano disse que a vingança ocorrerá “no lugar e na hora certos”.