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A revolta dos descamisados acabou com Soares a festejar sem camisola (a crónica do Sporting-FC Porto)

Este artigo tem mais de 4 anos

Acuña e Vietto soltaram grito de revolta de uma equipa do Sporting a quem tudo acontece mas argentinos não chegaram para evitar que o FC Porto de Soares acabasse a festejar vitória no clássico (2-1).

Soares teve uma oportunidade ao longo de todo o clássico e decidiu de cabeça a vitória do FC Porto em Alvalade
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Soares teve uma oportunidade ao longo de todo o clássico e decidiu de cabeça a vitória do FC Porto em Alvalade

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Soares teve uma oportunidade ao longo de todo o clássico e decidiu de cabeça a vitória do FC Porto em Alvalade

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

“Os jogos são todos diferentes e têm todos a sua história. E quem escreve essa história somos nós, treinadores e jogadores (…) Cabe-nos a nós, FC Porto, escrever a história deste jogo e não olhar para o passado. Isso não vale nada. Queremos escrever uma nova história neste jogo e nada nos pode condicionar”.

FC Porto vence Sporting em Alvalade e não deixa o Benfica fugir na liderança da Liga (1-2)

Depois da vitória dos dragões de Jesualdo Ferreira em Alvalade frente ao Sporting de Paulo Bento em 2008, com golos de Lisandro López e Bruno Alves (João Moutinho marcou para os leões), o FC Porto não mais voltou a ganhar o clássico para o Campeonato como visitante. Somou seis empates, nas duas últimas temporadas sem golos, perdeu quatro vezes e marcou apenas três golos, num registo bem distante do que alcançou por exemplo na Luz nessa fase. O que vale a parte histórica nestes encontros? Pouco ou nada. E foi nisso que Sérgio Conceição apostou.

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Ao longo desse período, o Sporting teve cinco presidentes, bateu no fundo em termos desportivos com a sua pior classificação da história, ganhou uma nova alma, voltou à Liga dos Campeões, encontrou um fundo que era ainda mais fundo com a invasão à Academia em Alcochete que ainda hoje leva atuais e antigos jogadores a falar enquanto testemunhas por videoconferência para um julgamento, perdeu algumas das principais referências e tenta levantar-se com esse fantasma do maior jejum de sempre de Campeonatos às costas ao mesmo tempo que sobrevive entre guerras internas com frentes distintas que dividem e se vão multiplicando. Por isso, e num dos melhores momentos da época, o clássico era uma questão de afirmação – e que podia marcar o resto da temporada.

Já o FC Porto, que detinha por completo a hegemonia do futebol português, voltou a brilhar na Europa na época de sonho com André Villas-Boas mas foi perdendo o gás que caracterizou a era Pinto da Costa na presidência, estando sujeito a condicionantes económicas que antes não tinha face ao incumprimento do fair-play financeiro, vendo sair jogadores em final de contrato e ganhando apenas um dos últimos seis Campeonatos perante a supremacia atual do Benfica, um conjunto descrito pelos responsáveis azuis e brancos como “um adversário forte em tudo o que envolve o futebol”. Por isso, pelos quatro pontos de atraso que se transformaram em sete com o triunfo dos encarnados na véspera em Guimarães, o clássico era uma questão de afirmação – e que podia marcar o resto da temporada.

E depois de uma primeira parte sem muitas oportunidades mas com eficácia quase plena, o segundo tempo trouxe quase meia hora do melhor Sporting até o FC Porto ficar com a melhor parte. Acuña e Vietto foram os principais protagonistas de uma “revolta dos descamisados” que começou nos argentinos e se alastrou a toda a equipa verde e branca, capaz de somar chances atrás de chances para marcar a Marchesín e mostrar que não há lei de Murphy que consiga superar o brio e profissionalismo de quem anda em busca de sorte sem sucesso há demasiado tempo. No entanto, foi Tiquinho Soares que acabou a fazer a festa sem camisola, marcando o 2-1 final de um clássico jogado em alta rotação e que terminou com o triunfo dos azuis e brancos mais de uma década depois. Como defendia antes Sérgio Conceição, havia uma história nova para ser escrita. Mas foi uma história que não contou o que se passou em campo ao longo de 90 minutos que, apesar da derrota, foram dos melhores dos leões esta época.

Ficha de jogo

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Sporting-FC Porto, 1-2

15.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

Sporting: Luís Maximiano; Ristovski (Rafael Camacho, 79′), Coates, Mathieu, Acuña; Doumbia (Gonzalo Plata, 79′), Wendel, Bruno Fernandes; Bolasie (Jesé Rodríguez, 86′), Vietto e Luiz Phellype

Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Tiago Ilori, Borja e Battaglia

Treinador: Jorge Silas

FC Porto: Marchesín; Corona, Pepe (Mbemba, 24′), Marcano, Alex Telles; Danilo, Uribe, Otávio (Sérgio Oliveira, 86′); Marega, Nakajima (Luis Díaz, 66′) e Soares

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Wilson Manafá, Aboubakar e Zé Luís

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Marega (6′), Acuña (44′) e Soares (73′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Uribe (17′), Acuña (22′), Alex Telles (29′), Bruno Fernandes (36′), Marcano (68′), Doumbia (71′), Soares (74′), Wendel (78′), Otávio (81′) e Jesé Rodríguez (90+1′)

As equipas demoraram a ser conhecidas (45 minutos antes do apito inicial ainda andavam os diretos de televisões e rádios a “encher” sem a informação que costuma ser dada com maior antecedência) mas acabaram por não trazer grandes surpresas. Pelo menos, de nomes. Mas enquanto o Sporting foi aquilo que tem sido, o FC Porto preparou posicionamentos distintos em campo que não demoraram a fazer mossa no jogo. Aliás, se os dragões não faziam um golo em Alvalade há 262 minutos (Felipe, numa derrota por 2-1 em 2016/17), este domingo precisaram de seis minutos para inaugurarem o marcador e colocaram-se numa posição de maior conforto em campo.

Hipóteses possíveis, olhando para o que Sérgio Conceição utilizou nos últimos jogos? 1) Manter Otávio no meio ao lado de Uribe no apoio a Danilo e abrir Nakajima numa das alas a par de Marega; 2) Colocar Otávio mais perto de Soares em trocas com Nakajima da esquerda para o centro; 3) Abrir Marega na frente ao lado de Soares com Otávio e Nakajima nas alas mas explorando o jogo interior. E procurando bem ainda se poderiam encontrar mais algumas conjugações antes de chegar à que começou o encontro em Alvalade, com Marega aberto na esquerda, Otávio mais a direita mas a jogar muito por dentro para dar o corredor às subidas de Corona e Nakajima solto a jogar entre linhas no apoio a Soares. Primeiro lance de perigo, primeiro golo: passe longo do mexicano de pé esquerdo e golo do maliano que apanhou Luís Maximiano em contra pé quando tentava dominar a bola (6′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-FC Porto em vídeo]

Há nove anos que um avançado do FC Porto não marcava em Alvalade. Antes do encontro, Sérgio Conceição tinha feito uma analogia para lançar a partida. “Será a equipa que quero para este jogo. Se olharmos para um carro de Fórmula 1, veem que olham para a pista, os pneus, em função da meteorologia. Temos de ajustar-nos. Temos de ajustar para aquilo que penso que será a melhor equipa para determinadas situações”, referiu. Essa adaptação teve resultado pleno. No entanto, e mantendo a mesma linha de raciocínio, os azuis e brancos apostaram em demasia na duração do motor e dos pneus na primeira parte, acabando por sofrer um furo já em cima do intervalo e numa fase em que Mbemba já tinha rendido o lesionado Pepe – com todas as diferenças que daí advêm.

Com o Sporting amarrado até meio da primeira parte nas boas zonas de pressão dos visitantes, o FC Porto perdeu o equilíbrio entre a posse e o domínio consentido ao adversário, começando a deixar demasiados espaços no corredor central para Bruno Fernandes e sobretudo Vietto entrarem mais no encontro e explorarem da melhor forma as movimentações no último terço para empurrarem a equipa para a frente. Coates, de cabeça após bola parada, teve um primeiro aviso à baliza de Marchesín (33′) antes de Nakajima atirar com perigo por cima na melhor transição dos dragões após o golo (34′). Em cima do intervalo, veio o empate: recuperação de Acuña após má saída de bola dos portistas, assistência de Vietto e remate a fuzilar do esquerdino na área (44′).

O segundo tempo começou com a alta voltagem ligada e as duas equipas a arriscarem mais até na disposição em campo para poderem chegar à vantagem e terem outro conforto na gestão do jogo, com Alex Telles a conseguir um cruzamento perigoso que atravessou toda a área leonina e Vietto a inventar espaço na área contrária para passar Marcano, rematar de pé esquerdo e acertar no poste da baliza de Marchesín enquanto um bombeiro entrava em campo na maior das calmas para retirar uma das tochas atiradas do topo sul para o relvado (50′). Pouco depois, numa jogada de envolvimento pela esquerda, Acuña ganhou espaço solicitado por Bruno Fernandes, cruzou ao primeiro poste e Luiz Phellype, entrando na antecipação, cabeceou a rasar o poste (55′).

O jogo ganhou velocidade, ganhou balizas e ganhou sobretudo Sporting. Muito Sporting. Porque foi conseguindo travar sempre as tentativas de saída dos dragões, porque ganhou o meio-campo subindo Doumbia e Wendel e libertando um pouco mais Bruno Fernandes, porque encontrou espaço para desequilibrar a partir dos corredores laterais para finalizações na área. Bruno Fernandes, num remate na passada a passar a rasar o poste da baliza de Marchesín, foi mais um lance de perigo na área do FC Porto antes de voltar o tango argentino com Acuña a criar e Vietto a finalizar ao lado e por cima em minutos consecutivos no melhor momento leonino no jogo.

O golo do Sporting parecia inevitável perante a incapacidade dos azuis e brancos em voltarem ao jogo, algo que nem a substituição de Luis Díaz por Nakajima conseguiu inverter de imediato. No entanto, dentro daquele adágio popular que muitos consideram batido mas que nunca perde validade com os passar do tempo, quem não marca arrisca-se a sofrer e sofre mesmo: no seguimento de um canto batido por Alex Telles na direita do ataque, Soares aproveitou um erro de marcação dos verde e brancos, saltou mais alto do que Doumbia (que nem viu onde andava a bola porque ficou de costas para o lance…) e recolocou o FC Porto na frente do marcador (73′), numa vantagem que por pouco não foi aumentada logo de seguida por Luis Díaz (75′) e Alex Telles (79′).

Na parte final, Coates, na sequência de um canto, ainda cabeceou à trave da baliza de Marchesín mas esse seria apenas uma espécie de último dos suspiros entre tanta infelicidade na zona de finalização do conjunto verde e branco que veria ainda Luís Maximiano segurar a desvantagem mínima nos descontos. O futebol não é um mundo de justiças ou injustiças mas os “descamisados” de Alvalade mereciam mais num clássico onde a sorte não protegeu os audazes e deixou o Campeonato resumido a duas equipas na luta pelo título e uma terceira que tem o segundo lugar como miragem e o terceiro como realidade para discutir com Famalicão, V. Guimarães e Sp. Braga.

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