O sentido de voto do Livre na votação do Orçamento do Estado na próxima sexta-feira ainda não está fechado e dependerá “das garantias prestadas pelo governo ao longo da semana”. Num comunicado divulgado este domingo, depois da Assembleia do partido ter reunido ao longo de várias horas no sábado, para apresentar os resultados da análise dos vários grupos de trabalho à lei do Orçamento do Estado apresentada pelo governo na Assembleia da República, o partido afirma “deplorar” que o “orçamento para o ambiente de apenas três décimas de ponto percentual do PIB”.

Com prioridades focadas na justiça social e ambiental, o Livre está empenhado em fazer valer os seus pontos na discussão na especialidade da lei onde, diz, terá que “levar a um esforço maior de encontro de compromissos” sobretudo “nas discussões na especialidade”. Sobre o salário mínimo nacional — que o Livre defende que seja de 900 euros —, o partido considera a proposta do governo “pouco ambiciosa” e afirma que assim continuará “numa trajetória de divergência em relação não só à União Europeia” mas também a Espanha.

Ainda que “reconheça e saúde” o aumento da dotação para a área da saúde, o Livre mantém-se crítico ao afirmar que “fica ainda muito aquém da resolução necessária para o problema crónico de suborçamentação do Serviço Nacional de Saúde”.

O Livre defende, também, que é necessário encontrar no Orçamento do Estado “uma trajetória de investimento público, proteção do estado social e combate às alterações climáticas progressista e ecológica”, mais que apenas “ir além do ‘virar a página à austeridade'”.

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O caminho que ainda é preciso fazer em sede de debate orçamental terá, pois, de ser muito mais ambicioso para poder contar com o apoio político do LIVRE”

O partido avança ainda que, em debate sede de especialidade, irá apresentar “propostas de investimento na área da habitação pública” e “de criação de uma unidade de missão para o Novo Pacto Verde, tendo em conta a sua implementação em Portugal a partir do próximo Quadro Financeiro Plurianual da UE”.

Na quinta-feira, a Assembleia irá reunir-se com a deputada única do partido, Joacine Katar Moreira, e com o Grupo de Contacto, para que seja decidido o sentido de voto, deixando para esta semana a hipótese de reunião também com outros partidos. Segundo o comunicado da Assembleia, a reunião de quinta-feira será para “fazer o ponto da situação das garantias prestadas pelo governo ao longo da semana” acrescentando que “estes elementos serão essenciais para definir o posicionamento político do partido antes da votação na generalidade”.

Em dezembro, à saída do Palácio de Belém os representantes do partido afirmavam a vontade de reunir com os partidos à sua esquerda na bancada (Bloco de Esquerda, PCP e Os Verdes), para que fossem encontrados consensos. Não se tendo realizado ainda qualquer reunião entre o Livre e algum desses partidos, esta última semana será também uma oportunidade para que tal possa acontecer, bem como os contactos com o governo que o partido diz serem “essenciais”.