O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a viagem de circum-navegação do navio-escola Sagres é um momento “histórico, irrepetível e singular”, e consolou os familiares dos marinheiros que estarão fora mais de um ano.

No Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia, em Lisboa, o entusiasmo gerado em torno da largada do navio-escola Sagres para uma viagem de mais de um ano contrastava com as lágrimas de muitos familiares que se foram despedir dos 142 elementos da guarnição.

A bordo do Sagres, Marcelo Rebelo de Sousa participou na cerimónia formal de entrega da bandeira nacional e ouviu o hino nacional, tocado pela Banda da Armada e cantado pelos marinheiros e discursou.

Depois do desembarque, juntamente com outras altas entidades, para que começassem os preparativos para que o navio pudesse zarpar, o Presidente da República dirigiu-se até às grades, onde muitos familiares e amigos se juntaram para se despedir e acenar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Marcelo Rebelo de Sousa abraçou, beijou, consolou e até lágrimas limpou daqueles que choravam a partida por mais de um ano dos seus entes queridos para esta viagem no âmbito das comemorações do V Centenário da Circum-Navegação do navegador português Fernão de Magalhães.

“Estamos a viver um momento histórico, irrepetível e singular porque estamos a celebrar o passado, a afirmar o presente e a construir o futuro”, disse, antes, no discurso a bordo.

O chefe de Estado lembrou que o “Sagres já fez três viagens de circum-navegação”, mas pela primeira vez “vai coincidir com os 500 anos de um momento que marcou a história da humanidade, um momento personificado por Fernão de Magalhães”.

“Estes homens, estes marinheiros de Portugal durante um ano irão percorrer o caminho percorrido há cinco séculos. Irão reviver a história de Portugal e do mundo”, enalteceu.

Além de celebrar o passado, esta viagem, na visão de Marcelo Rebelo de Sousa, servirá para “afirmar também Portugal no presente”, no Japão, durante os Jogos Olímpicos deste ano, nos quais o Sagres será a casa de Portugal.

“E a bandeira nacional hoje entregue será, daqui por alguns meses, recebida em Tóquio e lá estarei nesse momento, em representação de Portugal. Será recebida pela nossa delegação olímpica e traduzirá a projeção da nossa juventude, do nosso desporto, do espírito olímpico vivido por Portugal num encontro de todo o mundo”, afirmou.

Esta afirmação de Portugal acontecerá também, no seu entender, “porto a porto, no encontro com as comunidades portuguesas” que será proporcionado pelo navio.

“Mas esta viagem tem como objetivo construir o futuro na afirmação da nossa marinha, da nossa ciência, da nossa tecnologia, do nosso desporto, da nossa juventude, naquela vocação que ficou colada à nossa pele, que é a nossa vocação universal. Não há português que não seja universal”, elencou.

Por isso, para Marcelo Rebelo de Sousa, “esta viagem é histórica”, mensagem que repetiu depois a muitos familiares na tentativa de os consolar.

“É bom que recordem nas vossas memórias, marinheiros de Portugal, marinheiros da Sagres, a honra de representarem Portugal 500 anos depois, de reviverem o passado, de celebrarem esse passado, de afirmarem o nosso presente, de estarem a construir o nosso futuro”, apelou.

O discurso terminou com um agradecimento “em nome de todo o Portugal, de todas as portuguesas e de todos os portugueses” pelo contributo que estes homens e mulheres da Marinha estão a deixar para a “história comum”.

O Presidente da República, juntamente com o chefe do Estado-Maior da Armada, Mendes Calado, e com o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, despediu-se do navio-escola Sagres enquanto este zarpava, acenando bem perto da água.