O arranque de José Mourinho no Tottenham começou da melhor forma e nem mesmo a primeira derrota em Old Trafford com o Manchester United beliscou esse início que permitiu à equipa subir algumas posições na Premier League. Depois, o cenário mudou: após o triunfo nos descontos frente ao Wolverhampton, os spurs perderam com o Chelsea em casa no dérbi londrino, venceram à tangente o Brighton, não foram além de um empate com o último classificado Norwich e foram derrotados pelo Southampton. Pior que isso, Harry Kane lesionou-se. Se o período pré-Natal não tinha corrido bem, o ano civil de 2020 também não arrancou da melhor forma.

Ano novo, vida complicada: Mourinho leva amarelo, fica sem Kane e sofre derrota onde nunca tinha perdido

“Toda a gente no clube quer dar à equipa as melhores condições mas ao mesmo tempo o mundo não acaba no fim desta época. Estava a ver o último jogo do Liverpool, fui confirmar ao Google e o Jürgen [Klopp] chegou em outubro de 2015. Na primeira época, acho que foi oitavo. Teve oito janelas de transferências, muitos jogadores a entrar e a sair, tempo para impor a filosofia, os métodos de treino, a impressão digital dele. Quatro anos depois são não só campeões do mundo como a melhor equipa neste momento. Não quero comparar-nos ao Liverpool, digo apenas que é preciso ter calma e não entrar em pânico», comentou o técnico no lançamento do encontro frente ao Middlesbrough deste domingo, a contar para a terceira eliminatória da Taça de Inglaterra.

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“Acho que temos as pessoas certas, com a experiência adequada, para isso. Mas ter calma não quer dizer que não queiramos ganhar o próximo jogo”, acrescentou, antes de abordar também a ausência (que será superior a um mês, na melhor das hipóteses) de Harry Kane. “Sou muito bom nos meus feelings, não espero boas notícias. Toda a gente sabe o que ele significa para a equipa, para os adeptos e para o clube. Cada minuto que não joga, sentimos falta dele. Não quero estar aqui a chorar o tempo todo. Com o Son apenas chorei uma vez em três jogos que ele não esteve. Agora, ele está de volta e prefiro falar do Son do que falar do Kane”, destacou.

O sul-coreano regressou e conseguiu mexer com o jogo ofensivo do Tottenham, que não facilitou na deslocação ao terreno da equipa do Championship. No entanto, mesmo com a nuance tática que permitia a Aurier e Sessegnon uma outra capacidade de projeção em termos ofensivos por estarem “escudados” por Alderweireld, Vertonghen e Eric Dier, os londrinos nunca conseguiram disfarçar a falta de uma unidade mais fixa na frente. Também por isso, as oportunidades foram poucas ou nenhumas na primeira parte e, apesar do domínio dos visitantes em quase todos os aspetos do jogo, Mourinho foi mais cedo para os balneários antes do intervalo sabendo que o lance de maior perigo até foi um cabeceamento travado por Gazzaniga após livre lateral (22′).

O português queria mais presença na frente, mais posse no meio-campo contrário e maior imprevisibilidade no último terço. Para isso, tentou subir linhas. Com isso, acabou por sofrer o primeiro golo do encontro: Fletcher foi solicitado em profundidade nas costas da defesa dos londrinos, as fragilidades habituais voltaram a revelar-se e Gazzaniga não conseguiu evitar o 1-0, num lance onde era muito provável que o VAR anulasse a jogada desde início porque o avançado do conjunto de Jonathan Woodgate pareceu ter partido de posição adiantada (50′).

A reação não demorou e, apenas seis minutos depois do golo sofrido, Mourinho arriscou com as entradas de Lo Celso e Lamela para os lugares de Sessegnon e Winks, projetando ainda mais a equipa para a frente e criando mais dificuldades à defesa do Middlesbrough para manter a organização e o “encaixe” das unidades ofensivas dos spurs, que aproveitaram esses espaços que se foram abrindo para empatarem por Lucas Moura, a desviar de cabeça ao segundo poste após cruzamento largo de Aurier da direita (61′). No entanto, e entre muitas oportunidades que foram sendo falhadas também por culpa da tal referência ofensiva com características mais parecidas com Harry Kane, o Tottenham voltou a não conseguir vencer e não fugiu à repetição do jogo agora em Londres, naquele que foi o terceiro encontro seguido sem ganhar depois do empate com o Norwich e da derrota com o Southampton.