O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pediu esta segunda-feira que Washington e Teerão se abstenham de “ações irreversíveis”, garantindo usar “todos os contactos ao nível da União Europeia” (UE) para uma redução das tensões no Médio Oriente.

Numa publicação feita na rede social Twitter, Charles Michel indicou ter estado numa conversa telefónica com o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, sobre a situação no Médio Oriente e na Líbia.

“Concordámos com a necessidade de reduzir as tensões na região, que é do interesse de todas as partes”, referiu Charles Michel. E garantiu: “Continuarei a usar todos os contactos ao nível da UE e mais além para convencer as partes a absterem-se de ações irreversíveis”.

A situação na região está particularmente tensa desde que o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, foi morto na passada sexta-feira, num ataque aéreo contra o carro em que seguia, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido, China e EUA — mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.

Também esta segunda-feira, através do Twitter, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, anunciou uma conversa telefónica com António Guterres, na qual um dos assuntos abordados foi o Irão.

“Tive um telefonema com António este fim de semana para discutir desenvolvimentos em assuntos como a Líbia, o Iraque e o Irão”, referiu o chefe da diplomacia europeia, sublinhando que “o multilateralismo e uma ordem global baseada em regras, com a ONU na sua essência, continua a ser a pedra angular da política externa da UE”.