Utilizadores do comboio na Ponte 25 de Abril apresentam quinta-feira uma Comissão de Utentes da Fertagus que promete lutar contra a degradação do transporte ferroviário, devido ao aumento de passageiros após a redução do preço dos passes.

“Houve um aumento de cerca de 40% do número de passageiros após a redução, justa, do tarifário dos passes sociais, mas querem resolver isto de uma maneira indigna, que é tratar as pessoas como gado. Ou seja, pura e simplesmente reduzem o número de lugares sentados nas carruagens”, disse à agência Lusa Aristides Teixeira, um dos promotores da nova Comissão de Utentes da Fertagus.

Os cerca de 18 comboios da Fertagus, que assegura a ligação ferroviária entre Setúbal e Lisboa, vão circular a partir deste mês com menos cerca de 80 lugares sentados cada, por forma a criar mais espaço em pé, segundo disse à Lusa a administradora da empresa, Cristina Dourado, em declarações à Lusa em 26 de dezembro.

“O objetivo da Comissão de Utentes é reagir, criticar e contestar todas as ações da Fertagus que penalizem os utentes, ou apoiar eventuais medidas que sejam positivas”, acrescentou Aristides Teixeira, salientando que, “por vezes, os comboios perdem algum tempo nas estações para que sejam assistidas algumas pessoas que se sentem mal devido às condições de transporte”, situações que “têm vindo a ocorrer em crescendo”.

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A nova Comissão de Utentes da Fertagus – empresa do grupo Barraqueiro – não se conforma com a atual situação e promete dinamizar ações de protesto dos passageiros que todos os dias se insurgem contra a degradação das condições de transporte no comboio da Ponte 25 de Abril.

“Aquilo que nos parecia mais correto era potenciar as empresas de manutenção das carruagens – o que significaria também mais emprego – e aumentar o número de carruagens e a frequência da passagem dos comboios na Ponte 25 de Abril, não esquecendo a articulação com as carreiras que estão ao serviço da Fertagus”, disse Aristides Teixeira.

Após a apresentação pública, acrescentou, a Comissão irá tomar uma primeira posição pública contra a redução de lugares sentados nos 18 comboios da Fertagus, por considerar que são necessárias outras medidas para fazer face ao aumento do número de passageiros.

A concessão ferroviária na Ponte 25 de Abril foi atribuída à Fertagus na sequência de um concurso público internacional. Os comboios da Fertagus fazem a ligação entre as estações de Roma-Areeiro (em Lisboa) e a cidade de Setúbal, realizando uma média de 149 viagens por dia, o que permite retirar diariamente da ponte cerca de 30 mil carros.

O ano passado, a Fertagus transportou diariamente mais de 98.000 passageiros, o que traduz um aumento de 40% face ao ano anterior.

O Conselho de Ministros de 12 de dezembro do ano passado aprovou um diploma que prorroga até setembro de 2024 o prazo do contrato de concessão da travessia ferroviária do Tejo à Fertagus, entretanto já publicado em Diário da República.

O Governo justificou a prorrogação do contrato com a necessidade de assegurar a reposição do equilíbrio económico e financeiro da concessão, uma vez que foram impostas novas obrigações à empresa, que não estavam previstas no contrato inicial, no âmbito da implementação do novo sistema tarifário da área metropolitana de Lisboa.

Na cerimónia de assinatura do contrato de prorrogação da concessão à Fertagus, a presidente executiva da empresa, Cristina Dourado, afirmou que a prorrogação da concessão iria “permitir a manutenção de um serviço público ferroviário de transporte de passageiros entre Lisboa e Setúbal de qualidade”.

“Temos investimentos previstos nas mais diversas áreas, para podermos continuar com a operação e renovar os equipamentos, temos uma carteira de investimentos previstos com algum significado nestes quatro anos e nove meses”, disse na ocasião a presidente executiva da Fertagus, que considerou prematuro avançar com valores, alegando que o processo não estava ainda a esse nível de discussão.

A apresentação pública da nova Comissão de Utentes da Fertagus está marcada para as 09h30 de quinta-feira, junto à Escola Básica Luís de Camões, no Areeiro, em Lisboa.