Os preços dos transportes e alimentos dispararam em Palma, um dos nove distritos isolados após a interrupção de uma das principais estradas do norte de Cabo Delgado devido ao mau tempo na região.

Viajar de Palma para Pemba, 363 quilómetros de distância, antes custava 700 meticais (10 euros), mas agora, com a interrupção da Estrada Nacional 380, a principal no norte de Cabo Delgado, são necessários 1.700 meticais (24 euros), num trajeto com várias paragem e que inclui uma viagem de barco, constatou a agência Lusa.

“Os preços estão todos altos, tanto nos transportes como em outros produtos. Pior é a circulação, que não está fácil”, disse à Lusa Chomar Ali, um passageiro que levou seis dias para chegar a Palma vindo da vizinha província de Nampula, um percurso que normalmente é feito em pelo menos sete horas. A travessia agora está a ser feita por embarcações, numa altura em que as autoridades procuram assistir as pessoas afetadas pelo mau tempo, que são estimados em cerca de 10 mil no norte daquela província. Por outro lado, com isolamento do norte daquela província, o preço dos alimentos também disparou. Um saco de arroz de 25 quilos custava normalmente 1.300 meticais (18 euros), mas agora subiu para 1.600 meticais (22 euros). Uma garrafa de cinco litros de óleo de cozinha passou de 350 meticais (5 euros) para 500 meticais (7 euros).

Se continuarmos a assim, não sei o que vai acontecer. Estas subidas de preços estão a ser registadas um pouco por todos os distritos afetados. Precisamos restabelecer a circulação”, observou Chomar Ali, que também é residente de Palma.

Além de Palma, a interrupção da Estrada Nacional 380 isolou outros oito distritos do norte de Cabo Delgado, nomeadamente Meluco, Quissanga, Ibo, Macomia, Muidumbe, Mueda, Nangade e Mocímboa da Praia. No domingo, o Governo moçambicano anunciou que vai reabilitar, em duas semanas, estradas alternativas que liguem o centro e o norte de Cabo Delgado.

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Trata-se dos troços Montepuez e desvio Nguia, que estão debilitados, mas que são alternativas ao ponto interrompido há pouco mais de uma semana na Estrada Nacional 380. Moçambique emitiu um alerta laranja para todas as províncias do país, como forma de acelerar a mobilização de recursos para a assistência a vítimas e à reposição de danos, tendo em conta que a época chuvosa no país só termina em abril.

Em abril, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afetou outras 250 mil. Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou mais de 600 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas no centro do país, além de destruir várias infraestruturas.

Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral. No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.

A passagem do ciclone Idai por Moçambique