Residentes em algumas das principais cidades australianas, incluindo Sydney, Melbourne e Camberra, estão a tomar medidas preventivas para lidar com o fumo provocado pelos incêndios nas suas regiões. A zona norte e leste de Sydney é atualmente a de maior preocupação, segundo as autoridades.

Camberra, o único território do país que ainda não foi afetado por incêndios na atual época de fogos — que já causaram 25 mortos e destruíram mais de 13 milhões de hectares — esteve vários dias como a cidade com ar mais contaminado do planeta.

A situação melhorou esta quarta-feira, mas continua a estar no quarto nível mais elevado dos seis usados para medir as condições atmosféricas, segundo o World Air Quality Index Project que reúne informação de registos em todo o mundo em tempo real.

Tony Bartone, da Australian Medical Association, alertou na quarta-feira para os severos riscos do fumo, que pode ser fatal para pessoas mais vulneráveis, recomendando por isso cuidados adicionais nas saídas à rua.

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Apesar de um abrandamento dos fogos, de uma queda da temperatura e de alguma chuva, o fumo continua a alastrar-se em vários locais, chegando mesmo a atingir a Nova Zelândia.

Visível do espaço, o fumo levou muitos residentes a usar máscaras na rua, com edifícios a colocar os aparelhos de ar-condicionado em modo de recirculação de ar, para evitar contaminação adicional.

O perigo, alertou Bartone em declarações ao Canal 9, é especialmente significativo para doentes de asma e outros problemas respiratórios. “A contaminação por fumo, e a dimensão e densidade a que os habitantes desta cidades estão sujeitos é sem precedentes. Está a durar há vários dias e a agravar o ar nas principais cidades”, notou.

Dados mostram valores nas escalas máximas de poluição atmosférica em vários locais na zona metropolitana de Sydney, especialmente a norte e oeste da maior cidade australiana.

A medição das condições atmosféricas é feita, tradicionalmente, com a verificação do número de PM2.5, ou seja de partículas com um diâmetro de menos de 2,5 micrómetros, ou 3% do diâmetro de um cabelo humano. A escala considera os níveis saudáveis até 12 PM2.5 — ou até 50 de Índice de Qualidade do Ar (IQA) — com seis níveis, o mais elevado do qual é acima de 250 PM2.5, ou um IQA superior a 301. O IQA tem em conta as medições de PM2.5, de ozono, de dióxido de nitrogénio, dióxido sulfúrico e monóxido de carbono.

Um mapa de monitorização do IQA do World Air Quality Index Project coloca a Austrália como o quarto país atualmente com a pior qualidade de ar, atrás da Índia, China e Turquia, com um IQA de 423.

O projeto considera esse valor no nível mais elevado da escala, podendo “agravar doenças pulmonares e cardíacas” e causar a morte a pacientes que sofram deste tipo de problemas, recomendando que se evite qualquer exercício no exterior e que idosos e crianças permaneçam no interior.

Esta quarta-feira registava-se um dos valores mais elevados, de cerca de 450, a sul da cidade de Wollongong, a norte de Sydney.