O Governo de Cabo Verde anunciou esta quarta-feira que pediu à transportadora aérea portuguesa TAP para colocar aviões de maior porte na rota entre Lisboa e São Vicente, face às necessidades de carga que aquela ilha tem.

A informação foi transmitida esta quarta-feira no parlamento, na cidade da Praia, pelo ministro dos Transportes e Turismo de Cabo Verde, José Gonçalves, ao ser questionado pela oposição sobre os voos para o Aeroporto Internacional Cesária Évora, no Mindelo, São Vicente, servido por voos internacionais regulares apenas da TAP.

“Nós falámos com todos os exportadores e importadores de São Vicente que dependem do transporte de mercadoria, mas o problema que se põe é que não há suficiente volume para garantir voos comerciais”, reconheceu José Gonçalves.

Acrescentando que a TAP é hoje a única companhia “que faz com regularidade Lisboa — São Vicente” — a Cabo Verde Airlines opera apenas a partir do hub da ilha do Sal –, o ministro disse que esses voos são assegurados com aviões que “não têm espaço para nada”.

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“Esse é o problema. Nós já interviemos junto da TAP, eu estive com o chairman da TAP pessoalmente, com o nosso embaixador em Portugal, para vir a haver a colocação de aviões de maior porte que possam dar vazão a essa necessidade e ficaram de considerar”, disse o ministro.

A intervenção do governante foi feita em resposta à oposição, esta manhã, na primeira sessão plenária da Assembleia Nacional de Cabo Verde em 2020, tendo José Gonçalves indicado pelo grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) para o instituto de debates com ministros, previsto no regimento do parlamento.

Nesta sessão, o ministro foi visado pela oposição pelo fim dos voos diretos de Lisboa para São Vicente, que até à privatização da Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), em março último, eram garantidos também pela companhia de bandeira de Cabo Verde.

O abandono dessa rota foi decidido pela administração da Cabo Verde Airlines, companhia que resultou da privatização da TACV, mas ainda em 2019 o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, chegou a anunciar, no Mindelo, que a companhia voltaria a ter voos diretos de Lisboa para São Vicente.

Ao interpelar o ministro, o deputado do PAICV João do Carmo acusou o Governo de “penalizar a região norte do país com a suspensão do voo direto São Vicente – Lisboa da TACV, prejudicando gravemente os empresários e os cidadãos” locais.

“Apesar das repetidas promessas de retoma desta ligação, pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, assistimos mais uma vez a um claro desinteresse do Governo, relativamente ao desenvolvimento de São Vicente e da região norte”, acusou.

“Não nos surpreenderia se este Governo, nas vésperas das eleições legislativas de 2021, decidisse retomar temporariamente a ligação São Vicente — Lisboa, em mais uma tentativa de enganar os são-vicentinos e toda a população da região norte do país”, disse ainda o deputado do maior partido da oposição.