O Museu das Terra de Miranda, em Miranda do Douro, deu início à recolha de instrumentos musicais com história de forma a preservar a música e o cancioneiro popular do território transfronteiriço do Planalto Mirandês e Zamora (Espanha).

“Este projeto tem por objetivo a recuperação, conservação e valorização do Património Material e Imaterial relacionado com a música tradicional e popular do Planalto Mirandês e da província de Zamora (Espanha), através da recolha sistemática e da difusão de testemunhos orais que preservem a solidez da memória sonora deste território e a sua diversidade cultural”, explicou à Lusa a diretora do Museu Terra de Miranda, Celina Pinto.

Esta iniciativa de cooperação transfronteiriça é financiada pelo INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP), com uma dotação de 274 mil euros, inserindo-se no projeto “Termus — Territórios Musicais”.

Promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), através do Museu da Terra de Miranda, e pelo Museu Etnográfico de Castela e Leão, a iniciativa será desenvolvida até 2021, podendo “ser renovada por mais três anos”.

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“No terreno, do lado de Portugal, está uma equipa composta por dois antropólogos, Gonçalo Mota e Ricardo Santos, que estão a proceder, nesta fase inicial, à identificação de informantes e definição metodológica”, concretizou Celina Pinto. Na prática, está a ser recolhida informação em entrevistas, com cada um dos entrevistados a falar sobre as práticas musicais no território, bem como a sua perceção sobre as várias dimensões da música.

Segundo a responsável, este projeto pretende ampliar, valorizar e diversificar as coleções do Museu da Terra de Miranda na categoria dos instrumentos, considerando também o atual reportório musical instrumental, mas ao mesmo tempo salvaguardar a recolha de instrumentos antigos, “com elevado valor etnográfico”, que se encontram na posse das populações locais. O restauro e a recuperação de instrumentos musicais a partir da avaliação da sua matriz tradicional é outro dos objetivos do “Termus – Territórios Musicais”.

“Assim, este projeto reúne tradição e modernidade, a tradição associada à memória e à herança cultural musical, e a modernidade associada à normal evolução das sociedades”, frisou à Lusa Celina Pinto.

De momento, está a ser criada uma base de dados no museu para o alojamento das recolhas feitas pelos investigadores. Para o futuro, e de acordo com Celina Pinto, a ideia passa por criar um site, adquirir mais instrumentos musicais, realizar exposições itinerantes e diversas publicações, bem como um festival de música, congressos e jornadas dedicados à temática que decorrerão em Zamora, em Miranda do Douro e no Porto.

O Museu das Terra de Miranda já adquiriu dois instrumentos de precursão (caixa de guerra e bombo), com 126 anos de existência, que pertenceram à Banda Filarmónica de Miranda do Douro.

As próximas aquisições serão exemplares de “guitarros” feitos a partir de latas, flautas de osso, gaitas de fole, rabeis, sanfonas, realejos, entre outros instrumentos tradicionais.