Harry e Meghan Markle chocaram o mundo quando anunciaram na quarta-feira que querem ser “financeiramente independentes”. O que isso quer dizer é, por enquanto, incerto — a rainha Isabel II, o príncipe Carlos e o duque de Cambridge já pediram aos respetivos gabinetes para encontrarem uma “solução” numa questão de “dias”. Mas antes da decisão tomada pelos duques de Sussex — um título que poderão ou não manter — já muitos membros da realeza trabalhavam. Abaixo reunimos alguns exemplos: do rei que pilotava aviões sem ninguém saber ao que vendia latas de Pepsi Cola no exílio (isto sem esquecer que tanto William como Harry já trabalharam em tempos, a pilotar aviões e enquanto membro do exército, respetivamente).

Oiça aqui o Termómetro desta quinta-feira dedicado a Harry e a Meghan Markle:

Meghan e Harry abdicam de títulos reais

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Condes de Wessex

Foi em 2002 que os condes de Wessex abandonaram os negócios a título pessoal para se tornarem membros da realeza a full-time, isto depois de serem acusados de estarem a fazer dinheiro à conta do estatuto real que detinham, uma acusação que pode remeter de igual forma para Harry e Meghan Markle que, agora, pretendem tornar-se financeiramente independentes e ainda assim apoiar a rainha Isabel II.

O príncipe Eduardo de mala na mão no primeiro dia de trabalho na Ardent Productions, a 1 de dezembro de 1993 © Tim Graham Photo Library via Getty Images

Eduardo, o quarto e o mais novo filho de Isabel, deteve uma produtora com o nome Arden Productions que em nove anos de existência acumulou perdas no valor de 2 milhões de libras (mais de 2 milhões de euros). A mesma que ele e a mulher optaram por abandonar em 2002 depois das muitas manchetes que questionavam a influência dos títulos reais dos donos no negócio. Quando foi liquidada, em 2009, a empresa tinha ativos no valor de apenas 40 libras (cerca de 47 euros). Eduardo foi ainda acusado de abusar da sua posição ao fazer vários programas sobre a família real, tal como a contou o The Telegraph.

Anos antes, em 1993, aquando do lançamento da produtora, o conde de Wessex argumentou que esta tornar-se-ia numa das produtoras líderes no país. Com o tempo a empresa seria duramente criticada, sobretudo pelo The Guardian, que afirmou que a Ardent Productions se tornara motivo de riso na indústria: “Poucos ficaram surpreendidos quando o príncipe Eduardo anunciou que a sua carreira na televisão tinha acabado. O único mistério foi como é que ela durou tanto tempo”.

Princesas Beatrice e Eugenie do Reino Unido

Apesar dos laços familiares que as ligam à rainha Isabel II, as princesas Beatrice e Eugenie não recebem dinheiro do Fundo de Soberania (fundo do governo que financia os deveres oficiais da rainha). Ao contrário de Harry e William, as irmãs trabalham há já vários anos. Tanto Eugenie como Beatrice não têm de comparecer nos muitos eventos oficiais em nome da monarquia britânica, pelo que desde 2011 que não têm segurança a full-time — uma das coisas que os duques de Sussex correm o risco de perder.

Beatrice, que se licenciou em História na Universidade de Goldsmith, em Londres, trabalha na área das finanças e da consultoria. Atualmente ocupa o cargo de Vice-Presidente de Parcerias e Estratégias na Afiniti, especializada em inteligência artificial — em novembro, a princesa participou em mais uma edição da WebSummit, em Lisboa. Antes, Beatrice trabalhou durante cinco anos para a empresa de investimento Sandbridge Capital. Atualmente, é patrona de diferentes empresas sem fins lucrativos.

As princesas Beatrice e Eugenie com a mãe, Sarah Ferguson, ex-mulher do príncipe André © Jason LaVeris/FilmMagic

Já Eugenie trabalha na galeria de arte londrina Hauser & Wirth enquanto diretora associada. Parte do trabalho é apoiar os artistas da galeria e organizar eventos. Apesar da dedicação ao universo da arte, a princesa também desempenha algumas atividades reais, ainda que essa não seja a sua ocupação a tempo inteiro, ao contrário do que era esperado, por exemplo, de Meghan Markle. Eugenie ingressou na Universidade de Newcastle para estudar Inglês, História de Arte e Política.

Tanto ela como a irmã mais nova recebem dinheiro do pai, o príncipe André, o mesmo que nos últimos meses foi afastado dos deveres oficiais enquanto membro da monarquia britânica na sequência de uma desastrosa entrevista sobre a relação deste com o milionário já falecido Jeffrey Epstein.

Zara Tindall e Peter Phillips, Reino Unido

Zara Tindall, prima de Harry e a filha mais nova da princesa Ana, é financeiramente independente e não tem quaisquer obrigações do foro real. Tão pouco vive numa residência oficial da monarquia britânica — coisa que, até ver, não se aplica aos duques de Sussex, cuja informação veiculada na página oficial recentemente criada assegura que Harry e Meghan ficarão na Frogmore Cottage, em Windsor, nas temporadas que passarão no Reino Unido. Zara conseguiu criar o seu próprio percurso profissional, o qual tem vários momentos de glória: incluindo a medalha de prata que venceu nos Jogos Olímpicos de 2012 quando representou a Federação Equestre Britânica — certamente para orgulho da avó, Isabel II, que tem grande apreço pelo hipismo. Recentemente foi noticiado que Zara conseguiu o cargo não executivo de diretora no Hipódromo de Cheltenham.

View this post on Instagram

In her natural habitat. ♥️ #zaratindall

A post shared by Zara Tindall (@zara_tindall) on

Peter Phillips, o irmão de Zara e o neto mais velho de Isabel, também não corresponde ao que a imprensa britânica designa de “working royal”. Ao longo da sua vida — Peter tem 42 anos feitos em novembro — já ocupou diferentes cargos, incluindo 11 anos na Fórmula 1 e posições no Royal Bank of Scotland. Desde 2012 que tem a sua própria agência de entretenimento e desporto sediada em Londres, especializada em consultoria de eventos.

Princesa Marta Luísa da Noruega

Antes de ser notícia pelo suicídio do ex-marido, estava 2019 a acabar, a princesa da Noruega comunicou que ia deixar de usar o título real em futuros projetos profissionais. A decisão surgiu depois de a princesa ter sido criticada por usar o título real em seminários que apresentou com o namorado, o xamã Durek Verret. Os workshops, escreveu então a revista Hello, chamavam-se “A Princesa e o Xamã” e pretendiam ser uma viagem de “auto-descoberta”.

View this post on Instagram

I am so excited(and quite nervous) to be here in #amsterdam for the TEDxAmsterdamWomen. But what an honor to be on stage with so many wonderful people. (Swipe????)Thank you @carinesigfrid for inviting me spontaneously last year at the UN headquarters where we met for the Women’s Entrepreneurship Day Award. What you are doing for women around the globe is so inspirational and really important in the world. Love you. (Swipe ????) My introduction… (Swipe ????) With my amazing coach for the TEDx @bonniewilliams_thewholepackage. Wow what a journey we have been through. You have made me get my diamond out of the rough rock. Thank you so much for seeing me, believing in me and getting the best out of me. You are a gem! ???????? Looking forward to tomorrow thanks to you. ????@carinascheele #tedxamsterdamwomen #tedx #coach #thestateofmind #amsterdam

A post shared by Märtha Louise (@iam_marthalouise) on

Marta Luísa optou por criar uma conta separada de Instagram onde atualmente publicita o seu trabalho — o último post é, no entanto, uma homenagem ao ex-marido com quem esteve casada entre 2002 e 2017. A princesa da Noruega acabaria por admitir o “erro”, ainda que não fosse incomum trabalhar com alguma liberdade, coisa que faz desde 2002. Marta estudou fisioterapia, apesar de nunca ter exercido essa profissão, escreveu livros infantis e chegou a apresentar uma programa de televisão para crianças. É uma figura controversa na monarquia, já que recentemente encerrou, devido a problemas financeiros, uma escola que fundara 11 anos antes: a Astarte Education pretendia ensinar os seus alunos a comunicar com anjos…

Príncipe Nikolai da Dinamarca

Nikolai, o filho mais velho do príncipe Joaquim e da princesa Alexandra, tem trabalhado enquanto modelo e até já desfilou para marcas conhecidas, Dior Homme incluída. O jovem príncipe, de 21 anos, é o sétimo na linha de sucessão ao trono da Dinamarca e, por isso, não tem direito a receber dinheiro da avó, a rainha Margarida II, que está no trono desde 1972.

View this post on Instagram

[FUN FACT TIME] Did you know that Prince Nikolai was in line 262 as the person who eligible to succeed to the British Throne as of 1 Jan 2001? – The succession to the British Throne is regulated by the Bill of Rights [1 W. & M. sess. 2 c. 2] and the Act of Settlement [12 & 13 Will. 3 c. 2]. The second of these extends the succession to Electress Sophia of Hanover and the heirs of Sophia's body. The following is a list of the descendants of Sophia, as of 1 January 2001, arranged in sequence by their eligibility to become the heir of her body. This type of list is often referred to as the "Order of Succession" to the British Throne. – Many other "Order of Succession" lists will omit certain persons who are, or are believed by the list compiler to be, Roman Catholic. The reason for these omissions is that the two parliamentary Acts state, in similar language, that anyone who performs certain actions (such as "professe the Popish religion", "marry a Papist", "be reconciled to or … hold Communion with the See or Church of Rome") "should be excluded and … made forever incapable to inherit possess or enjoy the Crown". To date these clauses have never been invoked to prevent someone from succeeding to the Crown, so their precise meaning (as far as the Succession is concerned) has never been determined. Because of this, the list below does not attempt to assert which, if any, of the descendants of Electress Sophia have been rendered "incapable to inherit … the Crown" under these clauses. – The Act of Settlement makes no provisions for the Succession beyond the heir of the body of Electress Sophia. This means that the number of persons eligible to succeed to the British Throne under the terms of the Act of Settlement is finite, and limited to those persons who are descended from Electress Sophia in a manner which qualifies them to become the "heir of her body". #princenikolai#princenikolaiofdenmark#prinsnikolai#thebritishroyalfamily

A post shared by H.H Prince Nikolai of Denmark (@prins.nikolai) on

Rei Guilherme Alexandre dos Países Baixos

Rei dos Países Baixos desde 2013, admitiu em maio de 2017 que durante duas décadas foi piloto de aviões em regime part-time. Guilherme Alexandre era co-piloto de voos da KLM — companhia aérea dos Países Baixos com sede na cidade de Amstelveen — duas vezes por mês, admitindo que era um hobbyrelaxante“. O segundo trabalho foi sempre realizado em simultâneo com os deveres reais.

Rei Emmanuel Bushayija, Ruanda

O pai de dois foi proclamado rei de Ruanda em 2017, três meses após a morte do anterior monarca, o seu tio. Antes, Emmanuel Bushayija trabalhou como vendedor para a Pepsi Cola. Desde 2000 que vivia no Reino Unido, embora tenha crescido em exílio no Uganda, onde trabalhou para a empresa de refrigerantes em Kampala. Segundo um artigo de dezembro de 2017, publicado no The Sun, Emmanuel continuou a viver em Manchester mesmo depois de ter sido proclamado rei — toda a família real daquele país foi exilada na década de 1960 quando Ruanda tornou-se numa república.

Ao The Sunday Times, Emmanuel chegou a declarar: “Sou um grande fã da rainha britânica. Devo ser o único dos seus súbditos que também é um rei”.