A decisão de Trump de não responder militarmente ao ataque iraniano da última terça-feira parece ter acalmado o conflito no terreno ao reduzir a tensão que vinha em crescendo desde o mês passado. Porém, um dia depois do discurso de Donald Trump, chega do Irão uma mensagem no sentido oposto: ainda está por vingar a morte do general Qasem Soleimani — o principal líder militar iraniano morto por um drone num ataque norte-americano que conduziu ao pico da escalada de tensão entre os dois países.

Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano já havia dito que “o Irão tomou medidas proporcionais de auto-defesa” — e ficou claro da parte do Irão que aquele ataque, que não causou mortos, seria a única retaliação militar pela morte de Soleimani. Também o presidente do país, Hassan Rouhani, afirmou que o Irão teria uma “resposta muito perigosa” no caso de os EUA cometerem “outro erro”.

Agora, esta quinta-feira, líderes militares iranianos de topo surgiram com uma retórica mais forte para avisar que a vingança pela morte de Soleimani ainda não chegou. A Guarda Revolucionária (forças armadas iranianas) “vai impor uma vingança mais dura sobre o inimigo num futuro próximo”, prometeu o comandante Abdollah Araghi, em declarações à agência iraniana Tasnim citadas pela Associated Press.

Outro líder militar de topo, o general Ali Fadavi, disse à mesma agência que o ataque contido às bases americanas “foi só uma das manifestações das nossas capacidades”. “Lançámos dezenas de mísseis para o centro das bases dos EUA no Iraque e eles não conseguiram fazer nada“, acrescentou.

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O general Amir Ali Hajizadeh, responsável pelo programa aeroespacial iraniano, citado pela mesma agência, assegurou que o país apenas lançou umas dezenas de mísseis, quando estava “preparado para lançar centenas”.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quarta-feira novas sanções económicas contra o Irão na sequência do ataque iraniano às bases militares dos EUA no Iraque. Porém, não referiu nenhuma retaliação militar pelo ataque, que apenas causou “danos limitados” nas estruturas das bases.

O ataque iraniano foi interpretado pela maioria dos analistas como um passo dado pelo Irão rumo à descida da tensão entre os países ao deliberadamente atingir zonas onde não se encontravam soldados norte-americanos. Trump aproveitou a oportunidade dada por Teerão e optou por não prolongar o conflito armado.