O arqueólogo Cláudio Torres recebe este sábado, dia em que faz 81 anos, a Medalha de Mérito Cultural do Governo Português, em reconhecimento de uma vida dedicada à investigação histórica e às causas do património cultural e da arqueologia.

A medalha é entregue pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, numa cerimónia marcada para as 12:00, no Campo Arqueológico de Mértola (CAM), distrito de Beja, que Cláudio Torres fundou em 1978 e dirige.

Segundo o gabinete da ministra, o Governo Português entendeu prestar pública homenagem a Cláudio Torres, concedendo-lhe a Medalha de Mérito Cultural, “em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada ao estudo e à investigação histórica e às causas do património cultural e da arqueologia peninsular, tendo ajudado a preservar e a compreender, com a sua obra, uma parcela fundamental da nossa memória coletiva”.

Em declarações à Lusa, Cláudio Torres manifestou-se honrado com a decisão do Governo de lhe atribuir a medalha, que considerou “uma forma de haver, pela primeira talvez, uma certa atenção a um património em abstrato”, que tem sido desvendado pelo CAM na “vila-museu” de Mértola.

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A distinção é resultado de um “trabalho conjunto” e “indissociável de toda uma equipa, de anos de trabalho de centenas de jovens e de pessoas”, que trabalharam em Mértola através do CAM, disse o arqueólogo, que nasceu em Tondela, distrito de Viseu, em 11 de janeiro de 1939.

No início dos anos 60 do século XX, Cláudio Torres, com 21 anos e estudante de Belas-Artes no Porto e oposicionista ao regime de Salazar, sofreu a perseguição da polícia do regime, tendo estado preso durante algum tempo.

Exilado no estrangeiro, trabalhou em vários países, como a Roménia, onde em 1973, concluiu a licenciatura em História e Teoria da Arte na Universidade de Bucareste.

Após o regresso a Portugal, em 1974, iniciou a atividade de docente no Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecionou várias cadeiras ligadas à História Medieval.

Em 1978, a convite do primeiro presidente da Câmara de Mértola eleito em democracia, António Serrão Martins, que era seu aluno em Lisboa, Cláudio Torres “lançou mãos à obra” em Mértola, onde fundou o CAM, naquele ano, e para onde se mudou definitivamente, em 1986, depois do afastamento definitivo da Faculdade de Letras.

Cláudio Torres tem desenvolvido atividade científica na área do património cultural, nomeadamente nos domínios da arqueologia, da investigação histórica e da museologia.

Na área da arqueologia e da investigação histórica, destaca-se a direção das escavações arqueológicas em Mértola, desde 1978.

No âmbito da atividade museográfica, fundou o Museu de Mértola e foi consultor e comissário de várias exposições exibidas em Portugal e Marrocos.

O arqueólogo fundou a revista “Arqueologia Medieval”, tem várias obras publicadas, já recebeu diversas distinções, desempenhou vários cargos e, desde 2006, é membro do Conselho Consultivo na área do Património Cultural do Ministério da Cultura.