Existe uma ideia de que cada país, cada futebol, cada nacionalidade, tem especial competência para formar e construir jogadores para uma certa posição. A Alemanha, normalmente, tem bons guarda-redes, centrais seguros e avançados letais; Itália tem médios de construção de classe superior; Espanha também dá especial relevância aos elementos do setor intermédio; e Inglaterra tem defesas de excelência, assim como França e Holanda são normalmente reconhecidas pela qualidade dos centrais e a eficácia dos avançados.

No meio de tudo isto, Portugal tem sido particularmente prolífero em avançados rápidos, móveis e que tanto atuam numa zona mais central e mais adiantada como se adaptam aos corredores. Os melhores jogadores da história do futebol português — Eusébio, Rui Costa, Luís Figo, Cristiano Ronaldo e por aí fora — são, grosso modo, elementos que fazem golos e que se ocupam das tarefas mais ofensivas do jogo. Nos últimos anos, porém, Portugal tem sido anormalmente produtivo numa posição que não era especialmente querida aos jogadores portugueses: a de lateral direito. 

O jogador português jogou com a cabeça protegida depois de ter sofrido uma pancada forte no jogo da Taça da Liga inglesa com o Aston Villa

Nelson Semedo, do Barcelona, Cédric Soares, do Southampton, Ricardo Pereira, do Leicester, e João Cancelo, do Manchester City, jogam todos em duas das principais ligas europeias e têm sido uma das principais dores de cabeça para Fernando Santos (num lote onde ainda se acrescenta André Almeida, constantemente em bom plano no Benfica), que normalmente só convoca dois dos quatro e só pode dar a titularidade a um — numa questão que contrasta com o outro lado da defesa, onde Raphael Guerreiro e Mário Rui dificilmente tem concorrência.

Este sábado, em Inglaterra, dois dos laterais direitos portugueses encontravam-se e defrontavam-se na Premier League. O Leicester de Ricardo — que tem sido insistentemente associado a uma transferência para o Tottenham de Mourinho — recebia o Southampton de Cédric, ou seja, o segundo classificado da liga inglesa recebia a equipa que está em 12.º. Com os dois internacionais portugueses na condição de titulares, Dennis Praet abriu o marcador (14′) mas Stuart Armstrong empatou apenas cinco minutos depois (19′), repondo a igualdade no marcador. Já dentro dos últimos dez minutos antes do apito final, Danny Ings confirmou a reviravolta dos saints e garantiu os três pontos para a equipa de Ralph Hasenhüttl. Jonny Evans ainda empatou novamente para o Leicester, instantes antes dos 90′, mas o lance foi anulado pelo VAR por fora de jogo do central.

O Southampton venceu o Leicester, Cédric venceu Ricardo Pereira e a vitória torna-se particularmente importante e relevante depois da impressionante goleada da primeira volta, em outubro, quando a equipa de Brendan Rodgers foi ao estádio dos saints ganhar por 0-9. O Leicester fica em risco de cair para o terceiro lugar da Premier League, caso o Manchester City ganhe este domingo ao Aston Villa.

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