“O PSD não pode mudar de líder como quem muda de camisa. Não pode, de congresso em congresso, andar a trocar de líder. Não pode andar a triturar líderes, senão as pessoas olham e veem que o PSD não merece a confiança que deve merecer se for um partido estruturado, calmo”. Quem o diz é Rui Rio numa entrevista à Antena 1, a primeira desde a vitória sem maioria na primeira volta, onde afirma que, sendo Rio o 18.º presidente, o PSD é neste momento o “partido que já teve mais líderes”, o que, no seu entender, não credibiliza a imagem do partido. É por isso, diz, que se recandidata mesmo depois de não ter vencido as legislativas. “Se tivermos de trocar de líder sempre que não ganhamos vamos ter dificuldade em construir uma sustentabilidade e uma credibilidade forte perante a opinião pública, por isso é que me recandidato”, acrescenta.

No entender de Rio, de resto, o resultado que obteve nas legislativas de outubro não foi “desastroso” face às circunstâncias: o PS não teve maioria absoluta e o PSD ficou a apenas cerca de 8% do PS. “Queria ver quem é que vinha cá fazer melhor”, disse, defendendo que, depois de um ano e meio de oposição interna, o resultado obtido foi melhor do que se podia esperar.

Para Rio, ganhar ou perder não é uma questão pessoal mas sim de “serviço ao país”. “Eu estou aqui porque tenho disponibilidade para servir o país em nome do PSD, não é a minha carreira e a minha ambição pessoal que estão em jogo. Estou aqui para servir o país, se a maioria dos militantes do PSD entenderem que sou útil ao país, eu estou aqui, se entenderem que não, eu saio com tranquilidade”. Ou seja, “se eu ganhar está tudo bem, e se eu perder está tudo bem também. É esta a postura com que estou. Não vejam em tudo uma tática”, disse ainda.

Questionado sobre o posicionamento ideológico que defende para o PSD, Rui Rio foi claro: “O PSD é tradicionalmente um partido de centro, de equilíbrio, que é onde estão a maior parte dos portugueses. Se perdermos o centro temos muito mais dificuldade em crescer”, diz, sublinhando que não faz sentido, nem “político nem aritmético”, ir buscar votos ao CDS, Iniciativa Liberal ou Chega, já que, juntos, somam apenas 7 deputados. “Tenho é de crescer onde os votos estão, que neste momento estão mais à esquerda”, afirmou, intitulando-se “de centro, por convicção”.

Já sobre os seus objetivos para as autárquicas, Rui Rio voltou a optar pelo “realismo”. Ganhar é “um objetivo muito difícil de atingir, tal é a distância a que estamos. Possível é tudo, mas depois do vendaval de 2013 e 2017, é muito difícil”, disse, assumindo que o objetivo é “eleger muitos presidentes de câmara e muitos vereadores”. Ou seja, mesmo nos casos onde o PSD não consiga vencer a autarquia, o objetivo deve ser conseguir uma oposição que “não seja pequenina”.

Para o futuro, Rio não tem outro plano senão o de “chegar a primeiro-ministro”. Se não conseguir, então tem de fazer o caminho paralelo de “preparar pessoas para suceder” na liderança. Já tem alguém em mente? Nem por isso. Questionado sobre quem é neste momento o seu delfim, Rui Rio disse que não: “Neste momento não tenho nenhum”.

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