O líder da oposição no Camboja, Kem Sokha, compareceu esta quarta-feira num tribunal de Phnom Penh para o início de um julgamento por traição e que muitas organizações denunciaram ter motivações políticas.

De acordo com a agência de notícas EFE, o início do julgamento do opositor de 66 anos, co-fundador do Partido do Resgate Nacional do Camboja (PRNC), foi feito sob fortes medidas de segurança, incluindo fortes restrições à entrada de jornalistas e ativistas. Sokha, detido em 2017 sob acusação de conspirar com estrangeiros para derrubar o Governo e libertado em novembro de 2019 após um ano em prisão preventiva e outro em domiciliária, incorre numa pena de 30 anos se for considerado culpado.

A detenção, ordenada pelo primeiro-ministro, Hun Sen, no poder desde 1985, pôs em marcha uma vasta ofensiva judicial contra a oposição, organizações não-governamentais (ONG) e órgãos de comunicação independentes, meses antes das eleições legislativas de 2018.

Um dia antes do início do processo, as ONG Amnistia Internacional e Human Rights Watch exigiram a retirada de uma acusação que consideraram “fabricada” pelas autoridades para prejudicar a oposição, qualificando o julgamento como “uma farsa”. Parlamentares para os Direitos Humanos da Associação de Nações para o Sudeste Asiático (ASEAN) juntaram-se já às exigências para que seja anulada a acusação “sem fundamento” contra Sokha e para que lhe sejam restabelecidos todos os direitos políticas de forma “imediata e incondicional”.

Em comunicado, o deputado filipino Tom Villarin descreveu o julgamento como “um aviso” para todos os políticos, ativistas e jornalistas no país.

O tribunal anunciou na terça-feira que o julgamento vai durar três meses, prolongando o processo para além de 12 de fevereiro, prazo para a Comissão Europeia decidir se suspende um acordo comercial preferencial com o país devido à perseguição à oposição.

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