As forças leais ao marechal Khalifa Haftar, um dos protagonistas do conflito na Líbia, bloquearam neste sábado os principais terminais petrolíferos situados no leste do país, indicou a Companhia Nacional de Petróleo, na véspera de uma conferência internacional em Berlim.

Em comunicado, a companhia anunciou uma paragem nas exportações nos portos de Brega, Ras Lanouf, al-Sedra e al-Hariga. A petrolífera estima que este bloqueio vai paralisar a produção petrolífera do país no prazo de cinco dias e provocar uma queda na produção do país de 1,3 milhões de barris por dia para 500.000 barris por dia com perdas diárias de 55 milhões de dólares. A empresa invocou circunstâncias excecionais para uma exoneração da sua responsabilidade em caso de não cumprimento dos contratos para fornecimento de petróleo.

Um grupo próximo de Haftar, homem forte do leste da Líbia, pediu na sexta-feira que fossem bloqueadas as exportações petrolíferas do país para protestar contra a intervenção turca no conflito, suscitando a inquietação da Companhia Nacional de Petróleo.

Haftar tem lançado ataques a Tripoli, capital da Líbia desde abril de 2019, mas até agora a Europa pouco tem feito para travar as hostilidades. No entanto, esta última demonstração de força acontece um dia antes de uma tentativa de mediação internacional agendada para Berlim este domingo. Alguns líderes mundiais tentam forçar um cessar de fogo entre o Haftar, líder do Exército Nacional Líbio que controla o leste do país, e Fayez al-Sarraj, o chefe do Governo reconhecido pelas Nações Unidas, que ponha um travão ao conflito em redor da capital líbia que dura há dez meses.

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Na ausência de uma tomada de posição dos líderes da União Europeia, a Turquia e a Rússia enviaram forças para a Líbia que ameaça transformar-se em mais um palco de intervenções estrangeiras como a Síria. O país tem vivido instabilidade política e militar desde a Primavera Árabe que derrubou o histórico coronel Kadafi que foi morto em 2011. O país tornou-se o principal ponto de passagem de migrantes ilegais que procuram a Europa.

O marechal Haftar quer assumir o controlo da capital, Tripoli, onde o Governo de Acordo Nacional (GAN) tem a sua sede. O GAN beneficia do apoio político da União Europeia, bem como do apoio económico e militar da Turquia, o único país que admitiu o envio de tropas, e político do Qatar e da Itália, a antiga potência colonial que também admitiu um eventual envio de soldados.

O marechal, que lidera o designado Exército Nacional Líbio, apoia o parlamento eleito e o executivo não reconhecido na cidade de Tobruk (leste) e garante apoio económico e militar do Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Rússia, e apoio político da França e Estados Unidos.