Dez meses depois do último acidente de aviação com o 737 MAX, a Boeing vai experimentar um novo modelo comercial esta quinta-feira, está a noticiar a Agence France-Presse (AFP), que cita duas fontes anónimas “com conhecimento sobre a matéria”. O voo experimental do 777X acontecerá menos de três dias depois de a Boeing suspender oficialmente a produção do 737 MAX.

De acordo com a página da empresa de desenvolvimento aeroespacial, um dos modelos deste Boeing, o 777-8,  custa 410,2 milhões de dólares (369,8 milhões de euros) e o outro, 777-9, custa 442,2 milhões de dólares (398,7 milhões de euros). O primeiro, com 384 lugares, tem autonomia para um voo de aproximadamente 16,2 mil quilómetros — pouco menos que uma viagem entre Lisboa e as Ilhas Fiji. O outro não passa dos 13,5 mil quilómetros — o suficiente, e ainda sobra, para chegar ao Hawai — e tem capacidade para 426 passageiros.

O modelo 777-8 tem 69,79 metros de comprimento enquanto o 777-9 tem 76,72 metros. As asas têm 71,75 metros de uma ponta à outra. Além disso, as janelas maiores, cabines mais espaçosas e um novo sistema de iluminação. E estão equipados com dois motores GE9X da General Electric Aviation.

Na descrição que faz do novo avião, a Boeing diz que este “será o maior e mais eficiente jato bimotor do mundo, incomparável em todos os aspetos do desempenho”: “O 777X fornecerá 10% menos consumo de combustível e emissões; e 10% menos custos operacionais do que a concorrência”, afirma a marca, referindo-se à Airbus.

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De facto, o modelo procura equiparar-se aos Airbus 350 — um modelo que o Observador viu a ser montado numa reportagem nas instalações da empresa em Toulouse, França. Ainda antes sequer de ser testado no ar pela Boeing e de ter aprovação das autoridades para voar, já oito companhias aéreas compraram este modelo: a All Nippon Airways (Japão), British Airways (Reino Unido), Cathay Pacific (Hong Kong), Emirates e Etihad Airways (Emirados Árabes Unidos), Lufthansa (Alemanha), Qatar Airways (Qatar) e Singapore Airlines (Singapura)

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O Boeing 777X devia começar os voos comerciais em meados deste ano, mas os constantes atrasos já obrigaram a empresa a remarcar a entrega do novo modelo para os primeiros meses de 2021. Aliás, mesmo voo experimental da próxima quinta-feira já estava previsto para o verão do ano passado, mas a Boeing justificou o adiamento com a produção dos novos motores pela General Electric Aviation.

Todos os olhos vão estar na performance do novo modelo da Boeing depois de todos os países e companhias aéreas terem suspendido a utilizam do 737 MAX por causa de dois acidentes de aviação mortais a bordo deste avião. O primeiro, em outubro de 2018, matou as 189 pessoas a bordo do voo da Lion Air entre Jacarta e Pangkal Pinang, na Indonésia. Cinco meses depois, em março de 2019, 157 pessoas morreram no voo da Ethiopian Airlines entre Addis Abeba e Nairobi, Quénia.