A maioria das lojas estão fechadas e os serviços públicos estão paralisados em Lesbos, Samos e Chios. Habitantes, donos de negócios e funcionários públicos daquelas ilhas gregas decretaram 24 horas de protesto, esta quarta-feira, contra o agravamento das condições nos campos de migrantes e refugiados. Exigem que o governo grego alivie a pressão sofrida por estas ilhas.
Nalgumas instalações, o número de pessoas acolhidas ultrapassa em dez vezes a capacidade dos espaços. O campo de Moria, em Lesbos, foi desenhado para acolher cerca de 2800 pessoas e abriga mais de 19 mil.
[Lixo a céu aberto, crianças que se automutilam e violência sexual em campos de refugiados gregos:]
Nas praças centrais das três ilhas, centenas de pessoas exigem que os requerentes de asilo sejam “partilhados por toda a Grécia” e defendem que “a Europa deve assumir as suas responsabilidades”, acolhendo “mais migrantes”, de acordo com testemunhos recolhidos pela AFP.
Os governadores regionais e presidentes de câmara das três ilhas planeiam viajar para Atenas esta quinta-feira para apresentar as suas queixas diretamente ao governo. As autoridades das ilhas defendem um aumento do número de transferências de migrantes para instalações do continente e exigem esclarecimentos sobre os planos de construção de novos campos com a finalidade de deter os migrantes destinados a serem deportados.
Recentemente, 17 organizações não governamentais alertaram para um crescente “clima de discriminação e xenofobia” para com os requerentes de asilo, que enfrentam “sérias ameaças ao seu bem-estar” e que colocam em risco a saúde pública.
De acordo com as Nações Unidas, em 2019, mais de 60 mil migrantes e refugiados entraram ilegalmente nas ilhas gregas, vindos da Turquia — um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Só uma pequena parte foi transferida para instalações no continente grego. A maioria aguarda durante meses — ou mesmo anos — nos campos das ilhas gregas, por uma resposta ao pedido de asilo.