Um cientista da NASA, a agência espacial norte-americana, descobriu que a cratera de impacto em Yarrabubba, na Austrália, é a mais antiga jamais encontrada no planeta. Tem 2,2 mil milhões de anos e é 200 milhões de anos mais antiga que a cratera de Vredefort, considerada até agora a mais velha do planeta.

A cratera de impacto de Yarrabubba fica numa região remota do ocidente australiano e foi provocada pela queda de um meteorito que abriu um buraco com 70 quilómetros de diâmetro, dos quais apenas 20 sobreviveram até aos dias de hoje. O vento, a chuva, a temperatura e a ação dos seres vivos foram erodindo a cratera de impacto, fazendo-a minguar e perder profundidade.

A descoberta de crateras como esta não só ajudam a compor a história da Terra, como podem testemunhar o papel que os corpos celestes que colidiram com a Terra tiveram no ambiente. A investigação foi publicada na revista científica Nature Communications.

No caso da cratera de Yarrabubba, o meteorito que lhe deu origem deve ter colidido com a Terra numa altura em que o planeta estaria quase completamente coberto de gelo com entre dois e cinco quilómetros de espessura. O impacto deve ter libertado tanta energia que poderia ter descongelado a Terra, livrando-a daquela Idade do Gelo.

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Para determinar a idade desta cratera, os cientistas recolheram amostras de dois minerais, o zircão e a monazita, e mediram a quantidade de urânio em cada um deles.

O urânio vai perdendo partículas à medida que o tempo passa e a um ritmo constante até que se transforma em chumbo. As temperaturas e as pressões provocados pela colisão de um meteorito reiniciam esse processo. Por isso, sabendo a quantidade de urânio presente nas amostras recolhidas na cratera, sabe-se a idade que ela tem. E que ela coincide com a altura em que se estavam a formar na Terra os primeiros glaciares e calotas polares do planeta.

Um dos grãos de zircão recolhidos em Yarrabubba. A zona cor de rosa é a superfície do grão, que foi recristalizada após o impacto do meteorito. A zona central, a azul, não sofreu alterações. Créditos: Imperial College London.

O mais provável é que um meteorito com sete quilómetros de diâmetro tenha colidido com uma espessa camada de gelo a uma velocidade de 17 quilómetros por segundo.

O impacto terá libertado 100 mil milhões de toneladas de vapor para atmosfera, aquecendo a estratosfera — a camada logo por cima da troposfera, que é a mais próxima ao solo — e provocando um efeito de estufa que lançou a “Terra Bola de Neve”, como lhe chamam os cientistas, num aquecimento global.