O depoimento de João Paulino, o alegado cabecilha do grupo que realizou o assalto aos paióis de Tancos, foi adiado. A defesa do arguido quer ter acesso ao teor das ações encobertas, realizadas por agentes da Polícia Judiciária.

O meu cliente quer ter acesso, tal como o Ministério Público teve, a estas ações encobertas para se poder defender. Até agora, não lhe foi possível ter acesso a essas ações encobertas”, afirmou o advogado do arguido, Melo Alves, aos jornalistas à saída do Tribunal do Monsanto, acrescentando que “é um direito que qualquer cidadão”.

Melo Alves classificou uma ação encoberta como um “meio intrusivo, pior do que uma escuta telefónica” e no qual, segundo a sua experiência, muitas vezes ocorrem ilegalidades durante essas ações, não só pela existência de um agente provocador, mas também por ocorrerem outro tipo de ações que não respeitam a lei: “É mais grave do que qualquer meio de prova e o arguido tem o direito a saber o que andaram a fazer.

Uma ação encoberta traduz-se mais ou menos em indivíduos que se arrolam e se intitulam como sendo agentes do crime, que andam a gravitar à volta de  determinados suspeitos ou praticam determinados atos ou levam-nos a praticar determinados atos que são terríveis do ponto de vista processual, de entrarem na casa das pessoas, de indiretamente sugerirem para dizer determinada coisas par fazerem determinadas coisas”, explicou o advogado de João Paulino. “Isso é o pior lamaçal que existe no processo.”

Melo Alves ressalvou, porém, que não sabe o que aconteceu durante estas ações encobertas, que decorreram “durante vários meses”, que envolveram o seu cliente e que ocorreram já depois do furto das armas. “As ações encobertas são como os melões, só depois de os abrir é que se sabe.”

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No entanto, não exclui a hipótese de que o que foi apurado nessas ações possa ajudar o arguido na sua defesa. “Concluiu-se, segundo o que se diz, que as ações encobertas não resultaram em nada do ponto de visa da acusação e eu pergunto: e do ponto de vista da defesa? Será que não há elementos de prova de que o arguido se possa recorrer para se defender? O arguido neste momento não se está a poder defender

João Paulino quer esclarecer a verdade e eu garanto-vos que irá esclarecer tudo aquilo que se passou, mas quer ter os mesmos direitos que o Ministério Público“, indicou o Melo Alves.

O arguido será libertado na próxima terça-feira, altura em que termina o prazo da prisão preventiva.