O número de ocorrências racistas e xenófobas em França, na maior parte ameaças, aumentou mais de 130% em 2019, de acordo com um relatório do Ministério do Interior  divulgado este domingo. Após um declínio nos últimos dois anos, estes episódios aumentaram em 2019, com 1.142 ocorrências registados (em comparação com 496 em 2018).

“Na maioria dos casos, esses factos enquadram-se na categoria de “ameaças (977)”, refere o ministério. O relatório também observa um aumento nos atos antissemitas, 687 em 2019 contra 541 no ano passado, um aumento de 27%.

Esses factos mais recentes são divididos em 151 “ações”, uma categoria que inclui ataques a pessoas e propriedades, como danos, roubo ou violência física e 536 “ameaças”, como palavras ou gestos ameaçadores, inscrições, folhetos ou cartas, detalha o Ministério do Interior.

“O aumento de atos antissemitas em 2019 pode ser explicado exclusivamente pelo aumento de ameaças, de até 50% em relação a 2018, enquanto as ações diminuíram em 15%”, diz o ministério, argumentando, contudo, que os factos mais sérios, os ataques a pessoas, estão “em declínio acentuado” (44%).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o relatório, o número de episódios “anticristãos” é sempre o que colhe a maior fatia face aos atos antirreligiosos, mas “é estável”.

Os 1.052 factos listados dividem-se em 996 ações e 56 ameaças. “As ações contadas consistem essencialmente em ataques a propriedades religiosas”, refere a tutela. Os episódios antimuçulmanos permanecem “relativamente baixos” (154, que se dividem em 63 ações concretizadas e 91 ameaças), mas aumentaram em comparação a 2018 (100). “Novamente, a maior parte das ações está relacionada a ataques a propriedades religiosas”, acrescenta o ministério.

“Ao comemorarmos o 75.º aniversário da libertação do campo de Auschwitz, a permanência do ódio antissemita e, de modo mais geral, a preocupante banalização da fala e do comportamento racistas e xenófobos, exigem uma explosão de consciência na nossa sociedade, bem como uma condenação firme e clara de todos os líderes políticos envolvidos no campo republicano”, referem, no comunicado de imprensa, o ministro do Interior, Christophe Castaner, e o seu secretário de Estado, Laurent Nuñez.