O recém-eleito presidente do CDS não se pretende eternizar no cargo. Em entrevista à TVI, um dia depois de ser eleito, Francisco Rodrigues dos Santos diz que saberá sair “quando entender que estão esgotadas condições para continuar uma rota de crescimento”.

Eu não me pretendo eternizar na cadeira de presidente do CDS porque, quando isso acontece, os partidos normalmente tendem a mingar e a falarem num circuito fechado e a serem geridos num sistema de rotatividade onde são sempre as mesmas pessoas a suceder a lugares diferentes”, afirmou.

Chicão, como também é conhecido, acredita que “à medida que as pessoas se vão eternizando nos lugares, começam a confundir o interesse público com o interesse particular”. Nesse sentido, o líder do CDS defende a necessidade de “os políticos encontrarem soluções de consenso para o combate à corrupção” e vê “com bons olhos que todos os titulares de cargos públicos eletivos pudessem apresentar e sofrer uma limitação de mandatos à semelhança do que acontece com os presidentes de junta e de câmara”.

Antes do 25 de abril tínhamos presos políticos, hoje em dia temos políticos presos e creio que essa é uma inversão do paradigma que descredibiliza a nossa democracia”, afirmou.

Por isso mesmo, o novo líder do CDS defende uma reforma eleitoral que implemente um “sistema misto”. Isto é, um sistema em que os partidos apresentariam uma lista e seria dada hipótese aos eleitores de escolher os deputados que indicariam para os representar”. “Creio que assim teríamos uma democracia mais realizada”, disse, considerando ainda: “Há que credibilizar a política perante este colapso ético e moral que existe”.

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Questionado sobre se coloca a esquerda toda no mesmo saco, Francisco Rodrigues dos Santos disse que “é precisamente por não colocar todos no mesmo saco” que acha “um bocadinho incoerente e paradoxal que, com programas que eram tão distintos uns dos outros, ter havido uma tentativa de homogeneização após as eleições” de 2015, quando a Geringonça foi formada.

A direita é composta por partidos, uns que assumem [ser de direita], outros que vão hesitando. Mais importante do que estarmos sempre a tentar rotular os partidos, relevam as propostas que apresentam para o país”, disse.

O sucessor de Assunção Cristas afirmou ainda que, a seu ver, “as coligações devem ser afirmadas de forma transparente antes das eleições”. Questionado sobre possíveis acordos com o partido Chega, o líder do CDS considerou que, “à direita do Partido Socialista, devem ser criadas plataformas de diálogo que permitam uma solução que possa harmonizar as propostas de todos os partidos”. Chicão garantiu que o partido que agora lidera “promoverá um dialogo estruturado”.

O CDS é um partido humanista, personalista, têm as suas linhas vermelhas. Se elas forem ultrapassadas por medidas concorrenciais de qualquer outra força à direita do PS, não contem com o CDS para subscrever programas conjuntos”, afirmou.

Questionado sobre temas como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que esse assunto não é prioritário: “A nossa agenda está concentrada noutros problemas”.

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O líder foi ainda confrontado com o facto de o número de mulheres na direção do partido ser inferior ao dos homens. Chicão explicou que o seu critério ao endereçar os convites foi o mérito e perfis adequados. “Ficaria preocupado se me dissessem que as listas dos CDS não tinham gente competente de qualidade, com perfil, com currículo”, disse considerando ainda: “Não acho que a nossa sociedade tenha de ser metida por régua e esquadro onde se tenha de obedecer a uma percentagem fixa de homens e mulheres”.