789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Um Sérgio quase deixou o barco e outro Sérgio pegou no leme (a crónica do FC Porto-Gil Vicente)

Este artigo tem mais de 4 anos

O FC Porto esteve a perder, não fez muito para ganhar mas acabou por voltar às vitórias. Sérgio Oliveira, como líder informal, marcou o golo da vitória e tem agora uma importância capital nos dragões.

O médio português não marcava para a Liga há 18 meses
i

O médio português não marcava para a Liga há 18 meses

EPA

O médio português não marcava para a Liga há 18 meses

EPA

Desde que assumiu a liderança do FC Porto, há quase 40 anos, Jorge Nuno Pinto da Costa tem conseguido distanciar o clube da palavra instabilidade. O dragões podiam não ganhar Campeonatos, podiam falhar objetivos de temporada, podiam assumir que um outro treinador foi um tiro no escuro — mas raramente, muito espaçadamente no tempo, se falou de instabilidade quando se falou do FC Porto. Já este milénio, passou o caso Apito Dourado, passaram nomes olvidáveis como Luigi Delneri ou Victor Fernández, passaram quatro títulos consecutivos conquistados pelo Benfica: e Pinto da Costa parece ter mantido sempre a palavra mais temida bem afastada do Dragão.

Esta semana, porém, a instabilidade chegou ao FC Porto. Num momento de pragmatismo raramente visto no clube, de alguma impulsividade e de relativa surpresa, Sérgio Conceição não chegou a precisar de um minuto para colocar o lugar de treinador da equipa principal do FC Porto à disposição de Pinto da Costa. O técnico abordou a falta de “dinheiro e reforços” da primeira temporada no Dragão, mencionou aquilo que diz ter sido falta de “verdade desportiva” na segunda mas abordou a falta de “união no clube” na atual como o principal motivo para colocar nas mãos do presidente o próprio futuro. Um motivo principal engrossado, é preciso recordar, por uma derrota carimbada aos cinco minutos de descontos da final da Taça da Liga perante o Sp. Braga.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

FC Porto-Gil Vicente, 2-1

18.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Rui Oliveira (AF Porto)

FC Porto: Marchesín, Manafá (Vítor Ferreira, 60′), Mbemba, Marcano, Alex Telles, Romário Baró (Luis Díaz, 68′), Uribe, Sérgio Oliveira, Corona, Marega (Fábio Silva, 81′), Soares

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Diogo Leite, Saravia, Loum

Treinador: Sérgio Conceição

Gil Vicente: Denis, Fernando Fonseca, Rodrigão, Rúben Fernandes, Henrique, João Afonso, Soares, Lourency (Naidji, 79′), Kraev (Isaiah, 79′), Arthur (Romário, 45′), Sandro Lima

Suplentes não utilizados: Wellington, Alex Pinto, Edwin, Baraye

Treinador: Vítor Oliveira

Golos: Sandro Lima (45′), Marcano (45+2′), Sérgio Oliveira (57′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sérgio Oliveira (14′), a João Afonso (14′ e 72′), Soares (90+3′); cartão vermelho por acumulação a João Afonso (72′)

Na manhã seguinte, via comunicado, Pinto da Costa segurou Conceição, reiterou a confiança no treinador e no plantel e pediu uma “demonstração de força” contra o Gil Vicente, esta terça-feira. Mas se a memória por si só não bastasse para recordar que o treinador do FC Porto colocou mesmo em cima da mesa a própria demissão numa flash interview, Sérgio Conceição fez questão de não comparecer na habitual conferência de imprensa de antevisão e a equipa treinou à porta fechada. Esta terça-feira, no Dragão, o treinador aparecia pela primeira vez publicamente desde que abriu uma caixa de Pandora que há muito não se via no clube: e sob rumores cada vez mais audíveis de que vai mesmo sair no final da temporada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Independentemente da erosão da figura de Sérgio Conceição aos olhos da massa adepta e principalmente dos Super Dragões — cuja opinião, bem clara a cada jogo, é também um barómetro viável para medir o que se passa nos corredores azuis e brancos –, o FC Porto recebia esta terça-feira o Gil Vicente e estava obrigado a ganhar para não abrir um fosso de dez pontos de desvantagem para o Benfica. O Gil Vicente de Vítor Oliveira, que venceu os dragões em Barcelos na jornada inaugural, visitava o Porto com a intenção de voltar a surpreender: até porque a equipa de Sérgio Conceição estava desprovida de Otávio, um dos elementos em maior destaque nas últimas semanas, castigado depois de ter visto o quinto cartão amarelo contra o Sp. Braga na última jornada.

Face ao castigo do avançado brasileiro, Sérgio Conceição lançava no onze inicial o jovem Romário Baró, que não era titular desde setembro. Face à final da Taça da Liga com o Sp. Braga, o treinador fazia três alterações para lá da saída de Otávio: saíam também Diogo Costa, Danilo (que não recuperou de lesão e nem sequer estava na ficha de jogo) e ainda Luis Díaz, entrando Marchesín, Manafá e Uribe. Com Sérgio Oliveira, Uribe e Baró no meio-campo, Corona juntava-se ao trio e subia para a linha intermédia, ficando então Manafá a ocupar a direita da defesa que tem sido do mexicano.

O FC Porto entrou melhor, com mais bola e com as linhas mais subidas: Corona e Baró aproveitavam a estabilidade oferecida por Sérgio Oliveira e Uribe junto aos centrais para terem mais mobilidade e avançarem no terreno, aproximando-se de Soares e Marega para levar jogo para a frente de ataque. Nas alas, Manafá e Alex Telles apresentaram-se muito subidos, a procurar tirar cruzamentos para a grande área, mas a resposta dos dois elementos da frente era parca. Com o passar do tempo, o FC Porto foi perdendo intensidade — em três remates, nenhum tinha sido enquadrado — e inspiração, permitindo também uma maior confiança ao Gil Vicente que levou à subida das linhas da equipa de Barcelos.

Por volta da meia hora, sem verdadeiras oportunidades de golo para lá de um remate de Romário Baró que passou por cima (31′), o FC Porto estava estático e sem soluções. Os jogadores ficavam várias vezes parados, sem procurar desmarcações ou transições, e o ritmo do jogo caía porque também a dinâmica da equipa de Sérgio Conceição havia caído. O Gil Vicente cresceu na partida e soube aproveitar a falta de intensidade adversária para explorar a profundidade nas alas — principalmente quando Manafá ou Alex Telles estavam muito subidos e sem apoios: Sandro Lima teve a primeira grande ocasião de golo do jogo, quando ficou na cara de Marchesín depois de um passe longo, mas o guarda-redes segurou o nulo (37′). Logo em seguida, Romário Baró ofereceu o golo a Marega mas o avançado maliano, à saída de Denis, desviou com demasiada força e desperdiçou um grande passe do jovem médio (38′).

Dentro dos últimos cinco minutos da primeira parte, quando já ambas as equipas pensavam no intervalo e tentavam tirar ilações de 45 minutos para lá de pobres, o Gil Vicente acabou por inaugurar o marcador num lance onde ficou clara toda a passividade do FC Porto. Lourency apareceu em transição rápida na direita do ataque, jogou com Fernando Fonseca e o lateral cruzou para o coração da grande área, onde Sandro Lima, completamente sozinho e sem marcação, cabeceou para bater Marchesín (que não ficou muito bem na fotografia). A desvantagem dos dragões, porém, pouco ou nada durou: depois de um cruzamento de Uribe tombado na direita, Marcano antecipou-se à defesa do Gil Vicente e cabeceou certeiro para levar tudo empatado para o intervalo (45+2′).

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Gil Vicente:]

No final da primeira parte, FC Porto e Gil Vicente iam para o balneário com dois golos na bagagem que em nada espelhavam o que se tinha passado ao longo de 45 minutos. Na segunda parte, e quando se esperava que fosse Sérgio Conceição a mexer primeiro na equipa — até porque Luis Díaz ficou a aquecer durante o intervalo –, acabou por ser Vítor Oliveira (que estava castigado e assistiu ao jogo na bancada) a fazer a primeira alteração, lançando o veloz Romário no lugar de Arthur Henrique. Romário era uma clara aposta na velocidade e na profundidade na ala esquerda do ataque gilista, onde Wilson Manafá estava a ter muitas dificuldades a compensar as subidas no terreno com as tarefas defensivas.

O FC Porto voltou a entrar melhor na segunda parte, empurrando o Gil Vicente para o próprio meio-campo e colocando a primeira linha de construção na zona intermédia do relvado, apostando novamente na profundidade dos laterais. Romário Baró continuava a ser um dos melhores elementos dos dragões mas era Sérgio Oliveira, enquanto balança do meio-campo que tentava aproximar a defesa da equipa dos dois homens mais adiantados, que assumia as despesas do jogo e se tornava uma espécie de faz-tudo, entre apoiar nos corredores, jogar nas costas de Soares e Marega e ainda balançar as transições ao lado de Uribe.

A recompensa do médio acabou por chegar ainda antes da hora de jogo — e precisamente oferecida por Romário Baró. O jovem médio entregou a Sérgio Oliveira à entrada da grande área, tombados na esquerda, e o jogador da formação azul e branca tirou um remate em jeito para o poste mais distante que não deu qualquer hipótese ao guarda-redes Denis (57′). Mais de 18 meses depois, Sérgio Oliveira voltou aos golos para a Primeira Liga e colocou o FC Porto a vencer pela primeira vez no jogo. Em vantagem, Sérgio Conceição reagiu com a entrada de Vítor Ferreira — que se estreou em jogos do Campeonato — e a saída de Manafá, recuando Corona para a direita da defesa.

Compreensivelmente e expectavelmente, o FC Porto recuou no relvado depois de chegar ao segundo golo e à reviravolta e permitiu um relativo ascendente do Gil Vicente — que chegou a ficar perto do empate, num lance em que Lourency rematou por cima ao segundo poste depois de um bom cruzamento (71′). A tímida reação gilista, porém, esgotou-se com a expulsão de João Afonso, que viu o segundo cartão amarelo e deixou a equipa reduzida a dez unidades no último quarto de hora. Sérgio Conceição ainda lançou Luis Díaz e Fábio Silva, Vítor Oliveira retirou Kraev e Lourency para equilibrar a equipa e não sofrer mais golos, Romário Baró teve tudo para acabar com o jogo mas falhou a bola e o resultado não voltou a alterar-se.

Num jogo de profunda desinspiração por parte do FC Porto, Marega jogou 80 minutos sem fazer qualquer remate, Soares não teve qualquer lance de perigo e Corona esteve sempre demasiado discreto. Foram os três homens de combate do meio-campo — Sérgio Oliveira, Uribe e Romário Baró — que pegaram na equipa e garantiram um fulcral regresso às vitórias por parte dos dragões, que continuam a estar a sete pontos do Benfica. Baró não compromete e é o perfeito equilíbrio entre defesa e ataque e Uribe não vira a cara à luta e demonstra uma intensidade acima da dos restantes: mas é Sérgio Oliveira, enquanto líder informal, que acaba por ter uma importância capital no grupo. Na semana em que Sérgio Conceição quase abandonou o barco, Sérgio Oliveira pegou no leme e evitou o naufrágio.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora