O Millennium BCP — e Miguel Maya, o presidente-executivo — “de maneira nenhuma” saem beliscados pelas revelações do Luanda Leaks, garantindo que nunca foi concedido crédito à Sonangol (que tem quase 20% do banco) para a compra de ações e que a relação com esse acionista sempre foi “corretíssima”. Miguel Maya garante, também, que tem havido um grande investimento do banco na prevenção de branqueamento de capitais que permitiu que esta instituição seja “muito criteriosa e muito rigorosa nesta matéria”.

Em declarações à margem da conferência Banking Summit 2020, organizada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB), Miguel Maya comentou que “o banco está atento a todas as notícias relativamente a estas matérias mas não age em função das notícias, tem mecanismos dentro do banco que obrigam a estar atento e que permitem reportar independentemente das notícias”. “Somos extremamente rigorosos”, garante Miguel Maya.

O presidente-executivo diz que “os cuidados em matéria de compliance no BCP não são recentes”. “A única coisa que fazemos é quando ver notícias nos jornais é validar de houve transferências que possam não ter sido detetadas, mas isso é um check adicional porque temos mecanismos e modelos de forma a não necessitar das notícias”, diz Miguel Maya.

O BCP reforçou-se muitíssimo na área de compliance, estamos muito confiantes no que estamos a fazer. Exemplo: ainda no ano passado mudámos o compliance officer, não porque não confiássemos na pessoa que lá estava, que confiávamos, mas queríamos ir buscar uma pessoa que conhecesse muito bem todas as novas tecnologias e pudesse usar analítica avançada de deteção antecipada.”

Quando esse reporte não acontece, e se geram os problemas como os identificados no EuroBic, isso é “mau para todo o sistema” financeiro, diz Miguel Maya. “O que é bom para um banco é bom para esse banco, o que é mau afeta o sistema todo”, atira o presidente do banco.

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Miguel Maya comentou, também, que por ter sempre havido uma “relação corretíssima com a Sonangol”, um acionista que teve um “papel determinante na recuperação” do banco após a crise: “não vejo nenhuma razão nem vi nenhum documento que tenha colocado em questão qualquer atuação do BCP relativamente à Sonangol (ou vice-versa) que leve a uma alteração da posição”.

Banco de Portugal diz-se “diligente e atento”. Bancos é que têm de comunicar suspeitas de branqueamento de capitais