O diretor técnico nacional da Federação Cabo-verdiana de futebol, o português Pedro Figueiredo, encontra-se em estágio com o Liverpool, num período que contempla também um contacto com o Manchester City, explicou à Agência Lusa.

Em Manchester, onde se encontra há uns dias, assistiu ao jogo entre United e City e vai contactar com a academia de formação dos campeões ingleses de futebol, antes de seguir para Liverpool. O convite “surgiu através de contactos de amigos que conheciam o staff‘ no Manchester City e no Liverpool”, conta à Agência Lusa, e o objetivo passa por “ver uma realidade de elite, o que pode ser fantástico pela transmissão de experiências” quando voltar a Cabo Verde.

O foco será sobretudo em “conhecer a realidade da academia do Manchester City, perceber como funciona o futebol de formação e os vários departamentos, em traços gerais a filosofia de trabalho e como pensam a médio prazo”. O mesmo plano atravessa a estada em Liverpool, que tem “uma filosofia e forma de trabalhar diferentes”, mas inclui também “passar uns dias mais próximo da equipa A do Liverpool”.

Acima de tudo, é perceber como é que funciona a elite e que tipo de coisas é que realmente podem ser prioritárias em recursos humanos e tecnologia”, atira.

Em Cabo Verde, com menos recursos financeiros, é preciso “ser seletivo” nestas questões, e assim Pedro Figueiredo, de 31 anos, poderá “perceber a que é que a elite dá valor e o que faz a diferença”. Acresce, igualmente, um conhecimento a nível organizacional, para “levar um pouco da ideia para a federação de Cabo Verde e a seleção”.

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O também técnico adjunto na seleção AA, que começou nas formações jovens de vários clubes portugueses, incluindo o Belenenses, está em Cabo Verde desde 2018 e não pensa em projetos futuros, mas “muito nas coisas dia a dia”. “Todas estas experiências são algo que me fará enriquecer e tornar mais competente e mais forte. Vejo tudo com imensa responsabilidade, a educar-me e formar-me, para fazer bem as coisas“, acrescenta.

Futebol em Cabo Verde tem tido um desenvolvimento “excelente”

Em entrevista à Agência Lusa, Pedro Figueiredo, que trabalha sobretudo com o desenvolvimento e capacitação de treinadores e também as equipas sub-20 e sub-17, destaca um desenvolvimento “excelente e que só pode trazer coisas boas” no que toca ao futebol de formação.

“Desde as seleções nacionais mais jovens à educação dos treinadores. Estamos a desenvolver três centros de formação para o desenvolvimento de jovens jogadores, e há também a implementação, já este ano, da remodelação das competições nacionais para tornar o campeonato ainda mais competitivo”, relata. Em suma, explica, “está a ser feito um trabalho de base em todo o futebol que pode trazer coisas boas a médio e longo prazo”. “São coisas um bocadinho invisíveis e precisamos de tempo”, acrescenta.

Já na seleção principal, que viu sair o selecionador Rui Águas e o substituiu pelo cabo-verdiano Rui Brito, o esforço “muito grande” tem sido no sentido “de aumentar e ampliar cada vez mais o leque de jogadores selecionáveis”. Pedro Figueiredo lembra que a federação reativou “os cursos de treinadores, parados desde 2016”, e tem aumentado o número de jogos e competições em sub-17 e sub-20.

Da experiência em Inglaterra, quer trazer ideias e estratégia para ir implementando no projeto cabo-verdiano, nomeadamente no que toca a esforços organizacionais, para entender como os poucos recursos podem ser contornados através de um modelo diferente, mas também no que toca a recursos humanos e tecnologia.