“A Juventus jogou, Cristiano Ronaldo foi titular e o português bateu mais um recorde”. Este podia ser uma espécie de template pronto a utilizar em qualquer jogo ou circunstância que envolvesse o capitão da Seleção Nacional e a Vecchia Signora, numa regra que no plano individual ainda não conheceu exceção desde dezembro. Os campeões italianos até podem ter as suas escorregadelas, como aconteceu com a Lazio (duas vezes, uma na Supertaça) e na última semana com o Nápoles, o número 7 é que nem por isso. E agora não foi exceção.

Uma vista de olhos pela imprensa dos últimos anos e recordes atrás de recordes ligados ao português. Dentro e fora de campo. Ronaldo tornou-se esta semana a primeira pessoa a superar a barreira dos 200 milhões de seguidores no Instagram, com vantagem sobre nomes como Ariana Grande ou Dwayne Johnson. Mais: de acordo com um estudo da Hooper HQ, neste caso citado pelo As, cada publicação patrocinada rendeu ao jogador quase 900 mil euros, num total de 48 milhões de euros ganhos só nessa rede (mais do que ganha na Juventus).

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Não ficou por aí: ao marcar na derrota dos bianconeri em Nápoles por 2-1, Ronaldo tornou-se o primeiro jogador desde Trezeguet (2005) a marcar em oito jornadas consecutivas da Serie A (o francês conseguiu em nove). E estabeleceu desde a chegada a Turim uma média de 0.69 golos por jogo (48 golos em 69 partidas do Campeonato), apenas superada por Sívori. Mas como em tudo, a questão aqui nem é tanto os recordes batidos pelo português mas sim aqueles recordes que existem para bater. E havia um desafio para o encontro com a Fiorentina: conseguir marcar dois golos e igualar John Charles, que chegou aos 50 golos em 70 encontros realizados, ficando como segundo jogador como melhor média a alcançar esse registo ao serviço da Juventus.

Com Dybala a ser esta manhã de domingo o preterido entre um meio-campo a três que voltou a contar com Pjanic, Betancur e Rabiot e um tridente ofensivo com Douglas Costa, Ronaldo e Higuaín, a Juventus de Maurizio Sarri voltou a ter em casa uma entrada no regime “deixa andar” sem velocidade nem grandes oportunidades para visar a baliza de Dragowski, numa atitude que depois dos 20 minutos valeu duas boas oportunidades à Fiorentina para inaugurar o marcador com Szczesny a evitar o golo de Federico Chiesea (mais uma vez o melhor dos viola – e que voltou a deixar a dúvida sobre quanto mais tempo ficará no clube…) antes de nova boa defesa na sequência desse canto a remate de Lirola. Betancur e Pjanic, de meia distância, deixaram os avisos iniciais dos visitados mas o golo chegaria mesmo numa grande penalidade por mão na área de Pezzella. Ronaldo, claro, não perdoou (40′).

O português marcava pela nona jornada consecutiva na Serie A e dava o conforto necessário para os campeões transalpinos poderem encarar o segundo tempo de outra forma, reforçando o domínio territorial e travando quase por completo as tentativas de transição da Fiorentina apesar de alguns calafrios que ainda sofreu em desatenções que começaram no meio-campo e colocaram a defesa em apuros. Mais uma vez, uma grande penalidade acabou por fazer a diferença com Ceccherini a travar o slalom de Betancur. Ronaldo, claro, não perdoou (82′) – e a repetição do final do parágrafo acima é mesmo propositada porque estas foram das poucas oportunidades num jogo que teve ainda mais um golo em cima do minuto 90 por De Ligt, na sequência de um canto que fez o 3-0 final.

Ronaldo, que recebeu o prémio de melhor jogador da Serie A em janeiro, foi mais do mesmo: além de ter igualado o recorde de Trezeguet de jornadas seguidas a marcar, leva dez golos em seis jogos em 2020, transformou o 126.º penálti em 151 tentativas e tornou-se o jogador com mais golos no Campeonato desde que chegou, no verão de 2018 (40). Em paralelo, a diferença para Ciro Immobile nesta Serie A passou apenas para quatro golos. A Juventus confirmou assim o regresso aos triunfos, passando a somar 54 pontos, mais seis do que o Inter, que joga apenas à noite diante da Udinese. Já Ronaldo terá mais uns quantos recordes em vista mas antes haverá tempo para aquilo que parece impossível num texto com tantas marcas: celebrar já na quarta-feira o 35.º aniversário.