José Mourinho sobre Pep Guardiola: “Recordo-me mais dos anos em que estive com o Pep em Barcelona do que contra ele. É certo que depois tivemos os nossos duelos mas isto não se trata de nós, não é um José contra o Josep. Bale no Tottenham? Achava que me iam perguntar sobre Agüero e Gabriel Jesus. Premier? O Liverpool vai ser campeão, o City vai ser segundo e depois sobram dois lugares. O Leicester e o Chelsea têm vantagem mas há umas quantas equipas atrás que estão próximas desses lugares, onde se encontra o Tottenham”.

Pep Guardiola sobre José Mourinho: “As pessoas que julgam a carreira de Mourinho e que não se baseiam nos seus últimos 15 ou 20 anos é porque não entendem nada. Sei que vivemos uma época em que só se valoriza o último jogo mas não funciono assim. O que realmente valorizo é uma carreira e, nesse sentido, Mourinho está na elite e merece ser respeitado como tal porque manter-se lá em cima é o mais complicado de tudo. O seu valor não pode ser julgado pelos dois últimos anos, nem todos os períodos são iguais para os treinadores. Há épocas com mais êxito, outras com menos. Quando se chega a um lado é preciso tempo para mudar de certo modo as equipas”.

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José Mourinho e Pep Guardiola conheceram-se em Barcelona, quando o primeiro era adjunto de Bobby Robson e o segundo fazia ainda a sua carreira de jogador. Ambos se tornaram treinadores, com um sucesso que alguns já iam vaticinando mas que poucos poderiam prever. Sagraram-se campeões europeus, ganharam quase tudo por onde foram passando. Nesse caminho, travaram duelos escaldantes. Como no Inter-Barcelona. Ou no Real-Barcelona (até mais aqui). Ou no Manchester United-Manchester City. Mas a rivalidade que se fazia sentir, com “picardias” antes, durante e depois dos jogos, já lá vão. E até sobram elogios entre ambos num jogo de contexto diferente. Os dois técnicos estão habituados a lutar por títulos. No limite, e quando estão no mesmo país, a jogar para tentar tirar o título um ao outro – e basta recordar a grande reviravolta do United de Mourinho no Etihad Stadium, a perder por 2-0 e a ganhar por 3-2, num jogo que podia dar festa. Agora, jogam pela melhor classificação a pensar no futuro na Liga dos Campeões e na próxima temporada, perante o total domínio do Liverpool.

O encontro começou com as características que já eram esperadas: um Tottenham mais de expetativa e à procura de meter o primeiro passe para sair em transições rápidas, um Manchester City com mais posse e a apostar na mobilidade para desconstruir a defesa contrária. Oportunidades, essas, poucas. À baliza até quase nenhuma porque as tentativas de Mahrez e Agüero em boa posição na área bateram nos adversários. Assim, o primeiro tempo iria ficar reduzido a alguns protagonistas: Sterling, Agüero e Lloris. E o VAR, como não poderia deixar de ser.

Ainda antes do primeiro quarto de hora, num lance onde Dele Alli foi ao setor defensivo ajudar a equipa, Sterling teve uma entrada duríssima sobre o companheiro de equipa na seleção que foi consultada pelo VAR mas que só confirmou o amarelo ao avançado, perante os gestos de Mourinho (acabado de ver a repetição num pequeno ecrã no banco) que pedia ao quarto árbitro para que o vídeo-árbitro utilizasse óculos. Depois, na primeira chance mais flagrante, no seguimento de um grande passe de Mahrez (que justificou a entrada no onze no lugar de Bernardo Silva) para a diagonal de Agüero, o capitão Hugo Lloris ainda conseguiu dar um ligeiro toque com a ponta do pé na bola e levou o remate do argentino a bater no poste e sair para fora (27′).

Os londrinos, que estrearam Bergwijn logo de início, tinham grandes dificuldades em chegar à baliza de Ederson e seria mais uma vez o City a ter uma oportunidade flagrante para inaugurar o marcador numa grande penalidade assinalada por indicação do VAR muito tempo depois da infração de Aurier sobre Agüero – e com Guardiola a apontar para pulso reclamando do tempo demorado para marcar o penálti enquanto Mourinho se ria sentado no banco por não concordar com a decisão. Gündogan, chamado à conversão, permitiu a defesa de Lloris, Sterling tentou chegar primeiro, tocou na bola, caiu envolvido com o guarda-redes e gerou-se confusão: o City pediu nova grande penalidade, o Tottenham pediu segundo amarelo, Lloris e Sterling “pegaram-se”, houve mais jogadores aos empurrões e no final ficaram apenas amarelos para Alderweireld e Zinchenko (38′).

O árbitro interpretou que Lloris tocou em Sterling mas o avançado já iria em queda no lance, não reparando num pormenor que lá levou na Premier League à repetição de grandes penalidades, que foi o claro avanço do francês antes de travar o castigo máximo. Tudo acabou por serenar, com Mourinho a seguir cinco minutos antes do apito para o intervalo em direção ao balneário e a ver de lá mais uma chance flagrante perdida pelo City com Agüero, sozinho na pequena área e com Lloris no chão, a acertar nas malhas laterais quando tinha tudo para o 1-0.

O segundo tempo começaria com mais um lance de perigo do City, aproveitando uma descoordenação entre Lloris e Tanganga que Alderweireld conseguiu depois tirar perto da linha, mas tudo mudou quatro minutos e a partir de um canto mal estudado: Mahrez marcou para corte fácil da defesa do Tottenham, Zinchenko carregou Winks quando ia com perigo numa transição 2×2, viu o segundo amarelo (60′) e, logo a seguir, Bergwijn conseguiu inaugurar o marcador com um remate forte de fora da área sem hipóteses para Ederson (63′). O cenário estava alterado a todos os níveis, Mourinho mexeu em duas peças com as entradas de Lamela e Ndombelé e o francês demorou pouco mais de um minuto para assistir Son para o segundo golo dos londrinos (71′).

Com este resultado, o Tottenham sobe ao quinto lugar com 37 pontos, a quatro do Chelsea e à frente de Sheffield United (36), Manchester United (35), Wolverhampton (35) e Everton (34). Já o Manchester City mantém os  três pontos de avanço para o Leicester (52-49). E quem voltou a ter mais uma jornada em grande foi o Liverpool, que passa a ter 22 pontos de avanço na Premier League e arrisca-se a ser campeão no início de março…