A Ucrânia possui registos áudio dos controladores de tráfego aéreo iranianos que provam que Teerão sabia desde o princípio que o avião da companhia Ukraine International Airlines (UIA) fora abatido por mísseis, declarou esta segunda-feira o Presidente ucraniano.

“É uma gravação da torre de controlo de Teerão com um avião iraniano que se preparava para aterrar. Às 6h12 descolou o nosso avião e, às 6h30, o avião iraniano deveria aterrar”, declarou Volodymyr Zelenskiy. “Ele (o piloto do avião iraniano) viu tudo e disse à torre de controlo: ‘Parece que lançaram um míssil'”, acrescentou Zelenski.

O chefe de Estado ucraniano declarou que o Irão tinha conhecimento dos factos “desde o momento que o avião havia sido abatido” por mísseis. O incidente ocorreu no passado dia 8 de janeiro.

As autoridades iranianas reagiram às declarações de Zelenskiy apontando que o ficheiro de áudio “estava entre os materiais entregues aos especialistas que investigaram o acidente” e que a divulgação da gravação é uma violação que encerra a cooperação entre Teerão e Kiev, segundo a agência de notícias russa TASS.

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No domingo, Zelenskiy também descreveu como insuficiente a compensação de 80.000 dólares proposta pelo Irão para cada um dos familiares dos 176 ocupantes do Boeing 737 abatido.

Dois mísseis foram lançados contra o Boeing 737 da UIA a 8 de janeiro pelas forças armadas iranianas, indicou um relatório de investigação preliminar da Organização de Aviação Civil Iraniana (CAO) publicado a 21 de janeiro.

Após três dias de desmentidos, as forças armadas iranianas reconheceram a 11 de janeiro ter abatido “por erro” o Boeing 737 da Ukraine International Airlines alguns minutos depois de ter levantado voo de Teerão. Todos os 176 ocupantes do avião, na maioria iranianos e canadianos, morreram.

O acidente ocorreu horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani, numa operação levada a cabo por Washington.