O BPI analisou as mais de 400 empresas listadas no Luanda Leaks e associadas ao universo de Isabel dos Santos para identificar eventuais situações problemáticas.

“Os Luanda Leaks vieram com uma listagem e 432 empresas e aquilo que fizemos foi analisá-las uma a uma, para ver se alguma destas tem conta – ou teve conta no passado e já fechou, porque do nosso ponto de vista é indiferente se tem ou teve – para ver se alguma tinha de ser analisada com mais atenção”, disse o presidente executivo do BPI Pablo Forero.

Forero, que falava na apresentação dos resultados anuais do banco, acrescentou que as equipas do BPI já identificaram aquelas que se enquadram nos critérios de análise pormenorizada e estão a atuar. Pablo Forero, no entanto, escusou-se a revelar quais as empresas e as operações envolvidas.

“Qualquer coisa que tenhamos a dizer, será às autoridades competentes”, disse. Questionado especificamente sobre o caso da compra de um apartamento no Mónaco por parte de Isabel dos Santos, com 50 milhões de euros que saíram de uma conta do BPI, Pablo Forero escusou-se a dar muitos pormenores sobre esse tema, mas afirmou-se “tranquilo”.

“Não podemos, nem devemos, comentar as operações dos nossos clientes”. Mas sublinhou: “estamos a avaliar se temos, ou não, suspeitas de branqueamento de capitais por trás dessa operação. Se isso acontecer, temos um procedimento a seguir e comunicaremos às autoridades”

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“O banco tem procedimentos e políticas e uma equipa de acompanhamento muito boa, que analisa todas as operações de todos os nossos clientes. Neste processo avaliamos se temos suspeitas. Se isso acontece temos todo um processo em que comunicamos às autoridades. É o que estamos a fazer e sempre fizemos no passado. Estamos tranquilos”.

Spreads do crédito vão continuar a cair este ano

Pablo Forero antevê ainda que este ano as margens de lucro dos bancos no crédito vão continuar a cair, especialmente no que diz respeito ao crédito às empresas.

“Em 2020 vamos ver todos os bancos com os ‘spreads’ [margem de lucro do banco no crédito] a cair ainda um pouco mais”, disse o presidente executivo do banco. “Com a pressão que temos, a concorrência que temos, e a liquidez que há no sistema, significa que as margens estão a cair”, argumentou, referindo que o banco está a tentar manter a quota de mercado sem fazer luta de preços, “mas está cada vez mais difícil”.

“Acho que os do créditos à habitação em Portugal já são muito baixos, muito competitivos. Portugal é o país com o preço mais baixo”, referiu.