A temporada 2017/18, há sensivelmente dois anos, ficou indiscutivelmente marcada pelo protagonismo dos guarda-redes — e não necessariamente pelos erros de Loris Karius na baliza do Liverpool na final da Liga dos Campeões contra o Real Madrid. No início da época, Ederson valeu desde logo um encaixe de 40 milhões de euros ao Benfica ao reforçar o Manchester City. No final do ano, já na janela de transferências de verão, Alisson trocou a Roma pelo Liverpool por mais de 72 milhões de euros, tornando-se o guarda-redes mais caro da história durante quatro semanas. Em agosto, o Chelsea desembolsou 80 milhões por Kepa Arrizabalaga, jovem guardião do Athl. Bilbao.

Ederson, Alisson e Kepa têm algo em comum: para além de serem guarda-redes, de terem todos ido para um dos seis principais clubes da Premier League e de formarem nesta altura o top 3 dos guardiões mais caros de sempre, entraram sem dúvidas no onze titular de City, Liverpool e Chelsea e tornaram-se os donos indiscutíveis das respetivas balizas. No último ano, Alisson acabou por conquistar algum ascendente no campeonato dos guarda-redes, graças às exibições enormes ao serviço dos reds e também à Liga dos Campeões que a equipa de Jürgen Klopp venceu. Ainda assim, Ederson permanece um pilar para Guardiola no City e Kepa também o era para Maurizio Sarri. Mas este ano, em Stamford Bridge, Sarri saiu para a Juventus e chegou Frank Lampard.

O guarda-redes espanhol ficou no banco de suplentes num jogo da Premier League pela primeira vez esta temporada

O treinador inglês manteve a titularidade inquestionável de Kepa durante a primeira metade da temporada mas as últimas exibições do guarda-redes espanhol — algo instáveis e desequilibradas, com erros que valeram golos sofridos — trouxeram críticas dos adeptos e dúvidas a Lampard. Na semana passada, o técnico lançou o suplente Willy Caballero no onze inicial contra o Hull City: a decisão, ainda assim, não levantou poeira em Londres, já que o jogo era a contar para a quarta ronda da Taça de Inglaterra e era expectável uma rotatividade na equipa. As perguntas surgiram uma semana depois, no passado fim de semana, quando Caballero voltou a ser titular no jogo da liga inglesa contra o Leicester. Kepa, pela primeira vez em toda a temporada, assistiu a uma partida da Premier League a partir do banco de suplentes. E Lampard não teve grandes problemas em explicar, na conferência de imprensa, que o espanhol terá de lutar pelo lugar.

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“Neste trabalho, tenho de tomar decisões todos os dias e todas as semanas. Nenhuma decisão é fácil. Quando se trata de um guarda-redes, se calhar pensamos um bocadinho mais e durante mais tempo, especialmente se alguém é o número um destacado. Mas esse não pode ser o final da história. Temos de ser competitivos. O Willy [Caballero] treina bem, tem uma boa atitude e jogou bem contra o Hull City na semana passada. Decidi continuar com ele”, garantiu o treinador inglês, que recordou depois que o Chelsea só conseguiu não sofrer golos em cinco jogos esta temporada.

A decisão de Frank Lampard levou a imprensa inglesa a, nos últimos dias, abrir a porta a uma saída de Kepa já no verão — colocando até a hipótese de um regresso a Espanha e ao Athl. Bilbao. O guarda-redes de 25 anos, o mais caro da história do futebol, pode perfeitamente ficar sem lugar no Chelsea de forma imediata e sair pela porta pequena no final da temporada: algo que coloca pontos de interrogação aos 80 milhões dispensados pelo clube inglês há ano e meio, à política de contratações dos blues e até aos atuais padrões de valorização de jogadores, que elevam cada vez mais o custo de uma transferência que até há algumas épocas era tida como banal e de valor residual. Dúvidas que podem ficar ainda mais engrossadas já no domingo, quando o Chelsea receber o Manchester United, caso Caballero seja novamente titular e Kepa novamente suplente.