O Automóvel Club de Portugal (ACP) acusa a Câmara de Lisboa de nada ter feito nos últimos dez anos “para fiscalizar e reduzir as emissões poluentes” na baixa da cidade, pelo que o projeto apresentado recentemente para limitar a circulação de automóveis naquela zona de Lisboa é apenas um conjunto de “obras de embelezamento avulsas sem ter em conta a mobilidade integrada que se deseja numa grande cidade”.

Num comunicado enviado aos meios de comunicação social, o ACP admite que existem “virtudes na solução apresentada pela Câmara Municipal de Lisboa, desde já pelo controlo na redução das emissões poluentes decorrentes da necessidade de reduzir a presenças dos veículos automóveis em zonas centrais das nossas cidades”. Porém, continua o ACP, a autarquia tem tido “inércia (…) quanto à criação de parques dissuasores nas entradas da cidade e de parques de estacionamento no seu miolo“.

“Desconhece-se qualquer estudo de mobilidade que sustente a atual opção política do alargamento da ZER [Zona de Emissão Reduzida] Avenida | Baixa | Chiado, bem como a lista de efeitos diretos e indiretos na malha urbana vizinha à ZER”, concretiza o ACP, questionando também “Quais as medidas de gestão de circulação e estacionamento previstas neste projeto, para atenuar os efeitos do acréscimo substancial de tráfego em algumas artérias adjacentes impreparadas para receber fluxos superiores a 50% dos volumes atuais, com os efeitos já conhecidos ao nível do aumento da produção de emissões poluentes.”

Baixa de Lisboa com acesso limitado a carros a partir de Junho

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O ACP pretende ainda esclarecer “quais os efeitos e que soluções estão definidas para a garantia da circulação de viaturas de emergência no acesso ao Hospital de São José“, que fica no interior da zona condicionada, e “quais as medidas previstas pela Câmara de Lisboa para combater o aumento dos níveis de poluição resultantes das mais recentes intervenções na Cidade de Lisboa – Entrecampos, Cais do Sodré”.

Além disto, a instituição quer perceber “qual a justificação para a inibição da circulação de veículos afetos à UBER ou outras plataformas de mobilidade partilhada idênticas que não sejam 100% elétricas”. Isto porque a legislação prevê como exceção a possibilidade de circulação de transportes públicos, categoria em que cabem os táxis, mas não os veículos destas plataformas, que efetuam um serviço semelhante. “Convém relembrar que as frotas destas empresas são mais recentes que a maioria dos táxis que circulam na cidade“, sustenta o ACP.

Pretendendo dar “um contributo técnico e colaborativo” para uma cidade “sem barreiras”, o ACP deixa ainda uma lista de 22 sugestões à autarquia da capital, incluindo a implementação de mais postos de carregamento de veículos elétricos, a melhoria dos acessos das estações do Metro de Lisboa, a implementação gradual do projeto, o reforço da quantidade de elétricos que asseguram a carreira 28 no centro de Lisboa ou a criação de um sistema eletrónico destinado a informar os utilizadores da disponibilidade dos lugares de estacionamento naquela zona da cidade.