Conhecido como PIF, ou Public Investment Fund, o fundo de investimento soberano da Arábia Saudita é um dos 200 maiores do mundo. Gere uma carteira avaliada em mais de 320 mil milhões de dólares, que divide por cerca de 200 empresas espalhadas um pouco por todo o planeta. A necessidade de garantir que o fundo cresce, em vez de diminuir, é assegurada com o recurso a uma numerosa equipa de especialistas, a quem cabe “farejar” os problemas e as virtudes das empresas, indicando aquelas onde o PIF deve investir e as de que se deve afastar. Pois bem, desta vez o “nariz” dos especialistas falhou, o que resultou num abrir mão de aproximadamente 5,5 mil milhões de dólares.

O PIF investiu em 2018 na Tesla, quando o fabricante de carros eléctricos tinha os seus títulos a valer 300 dólares. Adquiriu cerca de 5% da marca, o que equivalia a 8,2 milhões de acções, que manteve até ao 4º trimestre de 2019. Mas, neste período, o PIF optou por desfazer-se de 99,5% da carteira da empresa americana, mantendo apenas 39.000 acções, segundo a CNBC. Quando vendeu, a cotação rondava 350 dólares por acção, o que permitiu ao PIF realizar um ganho de 410 milhões, nada mau para uma aposta que prolongou durante cerca de um ano.

Apesar dos ganhos, dificilmente os gestores do fundo vão ser alvo de grandes aplausos por parte dos príncipes sauditas, os verdadeiros donos do dinheiro, uma vez que, no final do 4º trimestre, as acções da Tesla começaram a subir, com o anúncio dos resultados acima das expectativas em termos de vendas e dividendos, o que não mais parou até final de Janeiro de 2020, com as acções a atingir quase 970 dólares, antes de começarem a descer para valores (mais razoáveis) em torno dos 750 dólares.

Caso os analistas do PIF tivessem esperado pelos bons resultados que se esperavam que a Tesla revelasse no último trimestre de 2019, os sauditas poderiam ter arrecadado mais 5 mil milhões de dólares. Para “complicar” ainda mais a situação, o PIF utilizou o resultado da venda das acções da Tesla para investir mil milhões de dólares na Lucid, fabricante com potencial, mas que ainda está a (muitos) anos de apresentar resultados positivos.

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